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Poucos nomes carregam tanto peso na história do pensamento econômico quanto Adam Smith. Nascido em 1723 na pequena cidade escocesa de Kirkcaldy, Smith é reconhecido até hoje como o pai da economia moderna e uma das figuras centrais da escola clássica. Suas ideias moldaram conceitos como mercado livre, divisão do trabalho e a famosa mão invisível, influenciando diretamente o desenvolvimento do liberalismo econômico.
Neste artigo, vamos mergulhar na trajetória intelectual e pessoal de Adam Smith — da Escócia do século XVIII às teorias que ainda ecoam nas decisões econômicas de hoje.
Adam Smith é um dos grandes nomes das finanças que destacamos na nossa lista especial de investidores e economistas influentes.
Smith perdeu o pai antes mesmo de nascer e foi criado por sua mãe, Margaret Douglas, com quem manteve uma relação próxima por toda a vida. Aos quatro anos, enfrentou uma doença grave que quase o deixou cego. Apesar disso, teve acesso à educação de qualidade — algo raro na época — graças à posição social da família.
Aos 14 anos, ingressou na Universidade de Glasgow, onde conheceu Francis Hutcheson, figura importante na filosofia moral e uma das influências mais marcantes em sua formação. Poucos anos depois, conseguiu uma bolsa para estudar no prestigiado Balliol College, em Oxford, onde teve contato com autores clássicos como Platão e Aristóteles, além de consolidar seu pensamento analítico.
Após sua formação, Smith voltou à Escócia e começou a dar palestras em Edimburgo, por indicação de seu amigo Lord Henry Kames. Isso abriu portas para sua carreira acadêmica: em 1751, passou a lecionar na Universidade de Glasgow, onde dividiu ideias com outro gigante da época: David Hume.
Foi nesse ambiente que nasceu sua primeira grande obra: “Teoria dos Sentimentos Morais”, publicada em 1759. O livro já trazia o conceito da “mão invisível”, embora em outro contexto, focado em moralidade e comportamento social.
Em 1763, Smith aceitou um convite do político britânico Charles Townshend para ser tutor do jovem duque de Buccleuch em uma longa viagem pela Europa. Durante esse período, Smith teve contato com nomes como Quesnay e Turgot, expoentes da fisiocracia, além de Voltaire e Benjamin Franklin.
Essas experiências internacionais ampliaram sua visão sobre política econômica, comércio e estrutura produtiva — temas que logo tomariam forma em sua obra mais importante.
De volta à Escócia, Smith se dedicou por quase uma década à escrita de “Uma Investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, publicada em 1776 — ano da independência dos EUA, curiosamente.
Neste livro, ele defende que a busca individual por interesses próprios pode, paradoxalmente, gerar benefícios coletivos — ideia central da mão invisível. Smith também introduziu a teoria da divisão do trabalho, exemplificando com a produção de alfinetes como símbolo de eficiência produtiva.
Outro ponto forte da obra é a crítica ao mercantilismo e a defesa do livre comércio — base da teoria da vantagem absoluta, precursora da vantagem comparativa formulada mais tarde por David Ricardo.
Com o sucesso da obra, Smith se tornou figura de prestígio em Londres e, em 1779, foi nomeado comissário da alfândega de Edimburgo, cargo que ocupou até o fim da vida. Continuou convivendo com pensadores de peso como Edmund Burke e Edward Gibbon.
Em 1787, foi homenageado como reitor honorário da Universidade de Glasgow, encerrando sua vida pública com reconhecimento e respeito.
Faleceu em 1790, aos 67 anos, deixando um legado que atravessou séculos.
Figura central da economia clássica, Adam Smith revolucionou o pensamento econômico com ideias como a mão invisível e a divisão do trabalho.
Em um mundo onde debates sobre intervenção estatal, desigualdade e globalização continuam em pauta, as ideias de Adam Smith seguem vivas. Ele foi pioneiro ao entender que incentivos individuais, se bem organizados, podem gerar um sistema funcional e produtivo.
Mesmo criticado por simplificar aspectos sociais e ignorar desigualdades estruturais, Smith não pode ser reduzido a um defensor cego do livre mercado. Sua obra é mais rica e ambivalente do que o senso comum sugere.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.