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Venda a descoberto: como se aplica em investimentos em ações?

venda descoberto

Certamente você já ouviu o ditado “comprar nas quedas”, bem, mais ou menos é disso que se trata o short selling. Aproveitar as correções que um valor pode sofrer e comprá-las a um preço mais conveniente que o original e ganhar a diferença entre o preço de venda e de recompra.

O que é short selling e como funciona?

No mercado financeiro, o short selling (ou venda a descoberto) é uma estratégia que permite lucrar com a desvalorização de um ativo. Em vez de comprar barato e vender caro, aqui a lógica se inverte: você vende primeiro algo que não tem, esperando recomprá-lo mais barato depois. É comum entre traders que operam pensando no curto prazo e usam análise técnica para definir pontos de entrada e saída.

O processo funciona assim:

  • Aluguel do ativo: você pede emprestado uma ação (ou outro ativo) por meio da sua corretora, pagando uma taxa pelo empréstimo.
  • Venda no mercado: vende o ativo imediatamente pelo preço atual de mercado.
  • Espera pela queda: acompanha o ativo e espera que ele caia até um nível desejado, com base na sua análise.
  • Recompra e devolução: quando o preço atinge o alvo, você recompra o ativo por um valor mais baixo e o devolve à corretora.
  • Lucro na diferença: o ganho vem da diferença entre o preço da venda e o da recompra, descontando taxas e eventuais juros.

⚠️ Importante: o short selling envolve risco elevado, já que, se o preço subir em vez de cair, as perdas podem ser teoricamente ilimitadas.

Por que um investidor faria short selling?

O short selling não é usado apenas para especulação, ele também pode ser uma ferramenta estratégica em diferentes contextos de mercado. Veja os principais motivos pelos quais investidores e traders recorrem a essa operação:

  • Apostar na queda de um ativo (especulação): é o uso mais comum: o investidor acredita que o preço de uma ação ou índice vai cair e busca lucrar com esse movimento. Isso exige análise técnica precisa e acompanhamento constante do mercado.
  • Proteger posições compradas (hedge): se você já tem ações na carteira e teme uma correção pontual do mercado, pode vender a descoberto ativos correlacionados para se proteger. É uma forma de compensar possíveis perdas temporárias.
  • Executar estratégias de arbitragem: em operações como long & short, o investidor compra um ativo subvalorizado e vende a descoberto outro sobrevalorizado. O objetivo é capturar a diferença entre eles, independentemente da direção geral do mercado.

Apesar das vantagens, o short selling exige conhecimento, gestão de risco rigorosa e acesso a ferramentas que nem sempre estão disponíveis para o investidor iniciante.

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Como fazer short selling com corretoras internacionais?

Operar vendido por meio de corretoras internacionais é totalmente possível e, muitas vezes, até mais acessível do que via corretoras locais, já que oferecem maior alavancagem, variedade de ativos e custos mais competitivos. No entanto, para usar essa estratégia, é preciso atender a alguns requisitos específicos:

  • Conta margem habilitada: é obrigatório ter uma conta margem, que permite operar com ativos emprestados e exige o depósito de uma margem de garantia.
  • Autorização para operar vendido: algumas corretoras pedem que você solicite manualmente a habilitação para fazer short selling. Isso pode incluir termos de aceite de risco e documentos adicionais.
  • Pagamento de juros e comissões: como você está tomando o ativo emprestado, há custos envolvidos: comissões pela operação e juros diários sobre o valor da posição.
  • Responsabilidade sobre dividendos: se a ação entrar em período de dividendos enquanto você estiver vendido, será você quem deverá pagar esse valor ao proprietário original do papel.

Corretoras como Interactive Brokers são exemplos populares entre brasileiros que operam no exterior e permitem esse tipo de operação com regras claras e boa estrutura de margem.

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Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.

Vantagens e riscos de operar vendido

A estratégia de short selling pode ser poderosa quando bem usada, mas também carrega riscos que exigem atenção e preparo. Veja a seguir os principais pontos positivos e negativos que você deve considerar:

Vantagens
  • Lucro em mercados de queda: permite ganhar dinheiro mesmo quando o mercado está em baixa, algo impossível para quem investe apenas comprado.
  • Maior flexibilidade tática: abre caminho para estratégias mais avançadas, como long & short, arbitragem estatística e proteção de carteira (hedge).
  • Aproveitamento de eventos pontuais: resultados fracos, notícias negativas ou mudanças setoriais podem ser oportunidades para lucrar com quedas rápidas.
Riscos
  • Perdas potencialmente ilimitadas: se o ativo subir fortemente, as perdas podem ultrapassar o valor investido. Por isso, o uso de stop loss é indispensável.
  • Short squeeze: quando muitos traders estão vendidos e o preço dispara, há pressão para fechar posições rapidamente, como ocorreu no caso da GameStop.
  • Custos adicionais: você paga juros e comissões diárias pela manutenção da posição, o que pode corroer os ganhos se a operação demorar.
  • Risco de margin call: se o preço subir, o corretor pode exigir mais margem (garantia), forçando você a aportar mais capital ou encerrar a posição.
  • Obrigação de pagar dividendos: se a empresa distribuí-los enquanto você está vendido, o pagamento sai do seu bolso.
  • Limitações regulatórias: em mercados como EUA e Europa, existem restrições temporárias em momentos de queda acentuada, o que pode travar esse tipo de operação.

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Casos históricos famosos de venda a descoberto

Alguns dos casos históricos famosos sobre o short selling foram os seguintes:

  • Michael Burry – Crise da hipoteca subprime em 2008: Fez short selling sobre as CDO (Obrigações de dívida colateralizada) e hipotecas subprime através de credit default swaps (CDS) e ganhou mais de 700 milhões de dólares para seus investidores
  • GameStop – Short Squeeze do Reddit em 2021: Usuários de varejo reunidos na mencionada rede social compraram ações da empresa de forma massiva, fazendo Melvin Capital perder 6,8 bilhões de dólares
  • Jim Chanon – Enron em 2001: Fez short selling ao descobrir as irregularidades contábeis que a empresa enfrentava antes de se tornarem oficiais, ganhando milhões de dólares
  • George Soros – Banco da Inglaterra em 1992: Fez short selling sobre a libra esterlina ao apostar que o Reino Unido teria que sair do Mecanismo Europeu de Taxas de Câmbio (ERM). Naquele “quarta-feira negra”, o Reino Unido abandonou o ERM, a libra despencou e Soros ganhou mais de 1 bilhão de dólares em um único dia
  • David Einhorn – Lehman Brothers em 2008: Assim como Chanon, suspeitava dos balanços do Lehman. Por isso, fez short selling sobre o valor antes de o banco colapsar

Vale a pena fazer short selling como investidor de varejo?

Fazer short selling é uma estratégia que pode ser rentável, mas também envolve muito risco. Sem esquecer os juros, comissões e margens que você deve levar em conta. Para um pequeno investidor, representa um grande desafio, por isso é recomendado entender todos os riscos antes de realizar essa estratégia.

O short selling é uma estratégia meramente especulativa, já que apostamos em uma queda do valor para obter ganhos. Embora também possa ser utilizado como método de proteção. No entanto, não é uma estratégia recomendada para investidores novatos e requer ter certo respaldo financeiro para enfrentar os possíveis riscos.

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