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Em momentos de incerteza ou estagnação no preço, é normal que surjam dúvidas sobre o que está acontecendo com Bitcoin, se é um bom momento para entrar ou quais fatores estão realmente influenciando. Para te ajudar a ter uma visão mais clara e tomar decisões com melhor informação, aqui respondemos algumas das perguntas mais comuns que os investidores brasileiros fazem.
Desde o lançamento dos ETF spot de Bitcoin em janeiro de 2024, os chamados "OGs" de Bitcoin, aqueles que acumulam BTC há mais de seis meses, começaram a vender parte de suas posições. Não é que tenham perdido a fé, mas estão aproveitando o apetite institucional para realizar lucros. O problema é que essa pressão vendedora impede que o preço suba com força.
Charles Edwards, analista da Capriole Investments, explica que esses movimentos estão sendo absorvidos por fundos e entidades institucionais, mas que a quantidade vendida ainda supera a demanda, pelo menos por enquanto. Em suas palavras:
A quantidade de BTC adquirida pelos novos compradores absorveu todo o BTC liquidado pelos OGs nos últimos 18 meses. Ainda assim, não é suficiente para romper para cima.
A zona dos 108.000 USD parece ter se tornado uma espécie de muralha psicológica para o Bitcoin. Apesar de um ambiente macroeconômico mais favorável, como a diminuição das tensões geopolíticas e um dólar mais fraco, o criptoativo não consegue decolar.
A narrativa do Bitcoin como "ouro digital" está ganhando força, mas ainda há dúvidas sobre sua função como refúgio frente a ativos tradicionais. Enquanto isso, os traders observam a zona entre 107.300 e 108.500 USD como chave para definir o próximo movimento.
Em 29 de junho, Donald Trump afirmou que o crescimento econômico dos EUA compensará os atuais níveis de déficit fiscal. Esta declaração, aparentemente desvinculada das criptomoedas, teve um efeito imediato: o Bitcoin subiu 0,54%, alcançando 107.937 USD.
Will Clemente, analista da Reflexivity Research, aponta que esse tipo de discurso reforça o caso de alta para o Bitcoin e o ouro, posicionando-os como refúgios contra a desvalorização monetária.
Esse tipo de catalisador pode ser a faísca que o Bitcoin precisa para romper seu letargo. A longo prazo, o resultado das eleições e as decisões fiscais podem ditar o rumo para os ativos de refúgio.
Tudo indica que o Bitcoin está em uma zona de acumulação. Se os institucionais continuarem comprando e o ambiente macroeconômico ajudar, com menor pressão inflacionária e maior fraqueza do dólar, poderemos ver uma ruptura para cima.
Por outro lado, se a pressão vendedora dos OGs persistir e não houver novos catalisadores, o mais provável é que o preço se mantenha nesse intervalo por mais algumas semanas.
Em definitivo, o preço do Bitcoin não é apenas um reflexo da oferta e da demanda técnica. É preciso olhar para as narrativas, os fluxos institucionais e o contexto político global. Se algo aprendemos este ano é que uma declaração pode ter tanto peso quanto um indicador técnico.