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Os derivativos financeiros são contratos cujo valor deriva do desempenho de um ativo subjacente, ações, moedas, índices, commodities ou taxas de juros. Eles permitem transferir e gerenciar riscos, seja para proteger fluxos de caixa (hedge), assumir exposições táticas ou corrigir ineficiências de preços (arbitragem). Podem ser padronizados em bolsa ou personalizados no balcão (OTC).
Um derivado é um acordo contratual para comprar, vender, trocar ou ter o direito de negociar um subjacente por preço e data previamente combinados. Na prática, derivativos existem porque empresas e investidores precisam estabilizar margens, dar previsibilidade a custos/receitas e alocar capital com eficiência. Ao possibilitar hedge e alavancagem sob regras conhecidas, esses instrumentos contribuem para formação de preços, liquidez e profundidade de mercado.
Embora muitas vezes associados à especulação, os derivativos também têm função econômica essencial: facilitam liquidez, distribuem risco e viabilizam produtos estruturados. Porém, exigem entendimento técnico, pois podem implicar riscos relevantes.
Exemplos:
O hedge é a função econômica central dos derivativos financeiros porque transforma incerteza em previsibilidade. Exportadores e importadores usam futuros de câmbio para travar o USD/BRL e proteger margens em reais; companhias expostas a juros convertem fluxos pós-fixados em prefixados via swaps, suavizando o custo financeiro; setores intensivos em insumos utilizam futuros e termos para estabilizar preços de combustível e commodities.
No mercado acionário, a carteira pode ser blindada com opções de venda (puts) ou com um overlay em futuros de índice, reduzindo a queda sem liquidar posições estratégicas. A eficácia depende de três pilares: instrumento adequado ao risco econômico, calibração do hedge ratio e gestão do basis, a diferença entre o comportamento do derivativo e do ativo protegido. Um hedge bem estruturado define horizonte, métricas de sucesso e liquidez para chamadas de margem.
👉 Como investir em derivativos
A especulação adiciona liquidez e melhora a descoberta de preços. Com futuros, expressa-se cenários de alta/baixa com eficiência de capital; com opções, operam-se estruturas de volatilidade. A alavancagem potencializa ganhos e perdas, exigindo disciplina no tamanho de posição, pontos de saída e domínio das gregas (preço, tempo e volatilidade implícita). Em eventos, a vol implícita pode alterar o prêmio mesmo com pouco movimento do subjacente.
A arbitragem conecta prazos e mercados, reduzindo ineficiências. No cash-and-carry, compra-se o à vista e vende-se o futuro quando o contrato está acima do valor teórico; no reverse cash-and-carry, faz-se o inverso. Há ainda calendar (entre vencimentos) e intermercado (onshore × offshore; índice × cesta de ações).
Os desafios práticos, financiamento, empréstimo de ativos, spreads, latência e variações do basis, podem corroer o ganho teórico; por isso, a execução profissional exige colateral, limites de risco e marcação a mercado rigorosas.
Existem diversos tipos de derivativos financeiros. A tabela a seguir resume os principais no contexto do Brasil/B3; em seguida, você encontra explicações adicionais:
Futuros | Contratos padronizados negociados em bolsa, que obrigam as partes a comprar ou vender um ativo em uma data futura por preço previamente acordado; exigem margem e têm ajuste diário. | Futuro de dólar (DOL/WDO), de Ibovespa (IND/WIN), de DI (juros), de milho (CCM). | |||
Opções | Derivados que dão ao comprador o direito (não a obrigação) de comprar/vender o ativo por um preço (strike) até/na data de vencimento, mediante pagamento de prêmio; o lançador assume a obrigação. | Opções sobre ações da B3 (ex.: PETR4, VALE3), sobre Ibovespa e sobre dólar. | |||
Termo / Forward | Acordos para compra/venda futura a preço definido. Em geral, são OTC. No Brasil, existe o Mercado a Termo na B3 para ações, com garantias via clearing. | Termo de ações na B3; forwards moeda x moeda contratados bilateralmente. | |||
Swaps | Trocas de fluxos de caixa baseadas em taxas de juros ou moedas; tipicamente OTC. | DI x prefixado, USD/BRL, juros pós x pré. | |||
Contratos por Diferença (CFD) | Derivados OTC liquidados pela diferença entre o preço de entrada e o de saída do ativo subjacente. Não são negociados na B3 e, conforme orientações da CVM, não há autorização para oferta pública de CFDs/Forex ao varejo no Brasil. | CFDs sobre ações/índices internacionais (somente no exterior). | |||
Produtos Estruturados | Instrumentos que combinam derivativos com outros ativos para criar estratégias específicas. Não são derivativos puros, mas usam derivativos. | COE (Certificado de Operações Estruturadas) com capital protegido/participação no Ibovespa; notas estruturadas. |
Tipo de Derivativo | Descrição | Exemplos (Brasil/B3) |
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Futuros | Contratos padronizados negociados em bolsa, que obrigam as partes a comprar ou vender um ativo em uma data futura por preço previamente acordado; exigem margem e têm ajuste diário. | Futuro de dólar (DOL/WDO), de Ibovespa (IND/WIN), de DI (juros), de milho (CCM). |
Opções | Derivados que dão ao comprador o direito (não a obrigação) de comprar/vender o ativo por um preço (strike) até/na data de vencimento, mediante pagamento de prêmio; o lançador assume a obrigação. | Opções sobre ações da B3 (ex.: PETR4, VALE3), sobre Ibovespa e sobre dólar. |
Termo / Forward | Acordos para compra/venda futura a preço definido. Em geral, são OTC. No Brasil, existe o Mercado a Termo na B3 para ações, com garantias via clearing. | Termo de ações na B3; forwards moeda x moeda contratados bilateralmente. |
Swaps | Trocas de fluxos de caixa baseadas em taxas de juros ou moedas; tipicamente OTC. | DI x prefixado, USD/BRL, juros pós x pré. |
Contratos por Diferença (CFD) | Derivados OTC liquidados pela diferença entre o preço de entrada e o de saída do ativo subjacente. Não são negociados na B3 e, conforme orientações da CVM, não há autorização para oferta pública de CFDs/Forex ao varejo no Brasil. | CFDs sobre ações/índices internacionais (somente no exterior). |
Produtos Estruturados | Instrumentos que combinam derivativos com outros ativos para criar estratégias específicas. Não são derivativos puros, mas usam derivativos. | COE (Certificado de Operações Estruturadas) com capital protegido/participação no Ibovespa; notas estruturadas. |
Nos mercados organizados (bolsa), os contratos são padronizados e negociados em ambiente transparente, com garantia da câmara de compensação, margem e ajuste diário sob regras públicas. Esse arranjo reduz o risco de contraparte, melhora a formação de preços e facilita a marcação a mercado.
No balcão (OTC), os contratos são sob medida: as partes definem quantidades, datas, indexadores, garantias e covenants. O benefício é a flexibilidade para casar o risco econômico com precisão; o custo vem em maior risco de crédito, menor transparência, possíveis descontos de liquidez e maior dependência de documentação/colateral bilateral.
Contrato | Especificações públicas e padronizadas | Personalizado | |||
Contraparte | Clearing atua como contraparte central | Risco direto da contraparte | |||
Transparência / Preço | Livro de ofertas e dados públicos | Preço negociado entre as partes | |||
Margem / Ajuste | Margem inicial/manutenção e ajuste diário (MTM) | Colateral e margining bilateral | |||
Liquidez | Geralmente maior, com market makers | Pode ser limitada e específica | |||
Flexibilidade | Menor; contratos “de prateleira” | Alta: datas, índices, nocionais | |||
Custos | Emolumentos + spreads relativamente estreitos | Spreads, credit charges, documentação | |||
Regulação / Governança | Regras da bolsa/clearing, supervisão | Governança contratual + supervisão regulatória | |||
Tributação / Contabilidade | Processos padronizados, marcação facilitada | Pode exigir apropriação e testes de hedge accounting |
Dimensão | Bolsa (padronizados) | OTC (balcão) |
---|---|---|
Contrato | Especificações públicas e padronizadas | Personalizado |
Contraparte | Clearing atua como contraparte central | Risco direto da contraparte |
Transparência / Preço | Livro de ofertas e dados públicos | Preço negociado entre as partes |
Margem / Ajuste | Margem inicial/manutenção e ajuste diário (MTM) | Colateral e margining bilateral |
Liquidez | Geralmente maior, com market makers | Pode ser limitada e específica |
Flexibilidade | Menor; contratos “de prateleira” | Alta: datas, índices, nocionais |
Custos | Emolumentos + spreads relativamente estreitos | Spreads, credit charges, documentação |
Regulação / Governança | Regras da bolsa/clearing, supervisão | Governança contratual + supervisão regulatória |
Tributação / Contabilidade | Processos padronizados, marcação facilitada | Pode exigir apropriação e testes de hedge accounting |