A importância de dolarizar parte da carteira de investimentos

A dolarização do patrimônio tem se tornado uma estratégia cada vez mais adotada por investidores brasileiros que buscam proteção contra a volatilidade cambial e a incerteza econômica local. Mas, afinal, o que significa dolarizar o seu patrimônio?

Em termos simples, trata-se de converter parte de seus investimentos para dólares, buscando ativos que sejam diretamente ou indiretamente ligados à moeda americana, como ações de empresas dos EUA, títulos do governo, ETFs e outros produtos financeiros.

Essa movimentação visa, principalmente, proteger os investidores contra os altos e baixos da economia brasileira, conhecidos como o "Risco-Brasil". A instabilidade política e as flutuações da moeda local são características dos mercados emergentes, como o nosso. Em um cenário de volatilidade, onde o real pode se desvalorizar em relação ao dólar, a dolarização oferece uma alternativa mais estável, já que o dólar historicamente tem se mostrado mais robusto do que o real.

Vantagens da dolarização do patrimônio

Uma das principais razões para dolarizar parte do patrimônio é a proteção contra a inflação e a volatilidade local. O dólar, por ser a moeda mais forte do mundo e a principal reserva de valor global, oferece uma estabilidade que o real não tem. Em um estudo da Nomad, constatou-se que carteiras com ativos totalmente brasileiros têm uma volatilidade de cerca de 25% ao ano. Quando se adiciona 45% de ativos dolarizados, essa volatilidade cai para 4%. Ou seja, a dolarização permite que o investidor tenha uma diversificação significativa, sem ficar excessivamente exposto às flutuações da economia brasileira.

Além disso, a dolarização do patrimônio abre portas para o acesso a mercados financeiros globais. Os Estados Unidos, por exemplo, representam mais de 40% do mercado de investimentos global, oferecendo uma gama muito maior de opções do que o Brasil, que representa menos de 1%. Ao dolarizar seus ativos, o investidor tem a oportunidade de acessar mercados mais maduros, com mais opções de investimentos, como a renda fixa americana e ações de grandes empresas, o que aumenta o potencial de ganhos.

Outro ponto importante é a proteção contra a oscilação do preço de commodities e insumos, como o trigo, que impactam diretamente o custo de produtos essenciais no Brasil. A dolarização também serve como uma reserva de valor, especialmente quando a economia nacional enfrenta desafios. Por exemplo, o Banco Central do Brasil mantém 80% de suas reservas internacionais em dólar, demonstrando a confiança na moeda americana como um porto seguro para preservar riqueza.

Como dolarizar seu patrimônio?

Existem várias maneiras de dolarizar seu patrimônio, sem a necessidade de comprar dólar físico, o que traria custos adicionais, como o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e taxas de câmbio desfavoráveis. Investir em fundos internacionais, ETFs (Exchange Traded Funds), BDRs (Brazilian Depositary Receipts), ou até mesmo abrir uma conta bancária no exterior são alternativas viáveis. Esses investimentos estão denominados em dólares, mas permitem que o investidor tenha acesso a um portfólio diversificado de ativos no exterior. No entanto, muitas corretoras no Brasil já possibilitam a compra de ativos dolarizados, de modo a auxiliar o investidor a alcançar estes objetivos mencionados.

Além disso, em termos de quantia a considerar, é amplamente considerado que uma alocação de 20% a 30% do patrimônio em ativos dolarizados é uma estratégia eficiente para garantir uma diversificação adequada, sem exposição excessiva ao risco cambial. No entanto, o percentual ideal pode variar dependendo do perfil de risco de cada investidor. Por exemplo, aqueles que têm uma tolerância maior ao risco podem optar por uma maior alocação, enquanto investidores mais conservadores podem preferir algo em torno de 16% a 18%.

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O Impacto da dolarização no consumidor brasileiro

A dolarização também ajuda a proteger o poder de compra do consumidor. Isso ocorre porque a flutuação do dólar impacta diretamente o preço de produtos importados, como eletrônicos, combustíveis e alimentos. No Brasil, estima-se que até 25% da cesta de consumo seja afetada pelas variações da moeda americana. Por isso, ao dolarizar seu patrimônio, o investidor se protege não apenas da volatilidade cambial, mas também das mudanças nos preços dos produtos que fazem parte do seu consumo diário.

Dolarizar o patrimônio não é apenas uma forma de diversificação, mas também uma estratégia inteligente para proteger o poder de compra e reduzir a dependência da economia brasileira. A movimentação permite ao investidor reduzir a exposição ao risco de desvalorização do real e se beneficiar da estabilidade do dólar, uma das moedas mais fortes e seguras do mundo e que sofreu sucessivas e históricas altas no fim de 2024.

No entanto, é importante lembrar que a dolarização também tem seus custos, como taxas de transação, impostos e possíveis complexidades tributárias. Além disso, a volatilidade do mercado global, embora menor que a do Brasil, também pode afetar os investimentos dolarizados. Por isso, antes de tomar essa decisão, é fundamental entender os custos envolvidos, o perfil de risco e os objetivos financeiros de longo prazo.

Em última análise, dolarizar parte do patrimônio é uma estratégia para aqueles que buscam maior estabilidade financeira, diversificação global e proteção contra as oscilações da moeda local. Ao tomar essa decisão, o investidor abre um leque de oportunidades de crescimento, com a possibilidade de alcançar resultados mais robustos ao longo do tempo, ao mesmo tempo em que reduz a exposição a riscos internos.