O que são e como funcionam as criptomoedas?

Investir em criptomoedas no Brasil já não é apenas coisa de entusiastas da tecnologia. Até mesmo o JP Morgan, que por anos se mostrou cético, agora recomenda a seus clientes mais ricos destinar pelo menos 1% de seu patrimônio a criptomoedas.

Essa mudança de postura não é pequena. Investir em criptomoedas já não é apenas uma tendência, mas uma realidade financeira na qual grandes jogadores como BlackRock, o maior administrador de ativos do mundo, começaram a oferecer opções de investimento nesse mercado em crescimento.

Se você está interessado em investir em criptomoedas no Brasil, neste artigo explicamos o que são e como você pode começar a fazê-lo.

O que são criptomoedas?

As criptomoedas são ativos digitais baseados em uma tecnologia chamada blockchain. Esses criptoativos permitem realizar trocas de pessoa para pessoa (peer-to-peer) sem a necessidade de intermediários como bancos ou instituições financeiras.

Aqueles que interagem com a cadeia de blocos têm total controle e responsabilidade sobre seu dinheiro. A qualquer momento, o usuário pode transferir seus fundos sem requerer a aprovação de um terceiro, independentemente da quantidade ou do destinatário.

As criptomoedas funcionam de maneira diferente das moedas tradicionais como o real brasileiro. Ainda assim, podem ser compradas e vendidas como qualquer outro ativo.

Sendo uma moeda descentralizada, as criptomoedas surgiram com a intenção de se desvincular de qualquer regulação ou influência governamental. Em seu lugar, sua economia é controlada por um protocolo de internet de igual para igual.

Cada criptomoeda é composta por cadeias de dados criptografados, que foram programados para representar uma unidade.

Uma característica chave da maioria das criptomoedas é que sua produção é reduzida gradualmente ao longo do tempo. Como resultado, haverá um fornecimento limitado de unidades em circulação, semelhante às matérias-primas como o ouro ou os metais preciosos.

Como funcionam as criptomoedas?

As criptomoedas têm várias diferenças chave em comparação com os sistemas financeiros tradicionais: não são regulamentadas nem controladas por nenhuma instituição e permitem realizar transações sem intermediários, como bancos ou entidades financeiras.

O funcionamento das criptomoedas baseia-se na tecnologia de blockchain, um sistema de registro contábil compartilhado que garante um alto nível de segurança. Graças a isso, é praticamente impossível que um mesmo ativo digital seja transferido duas vezes ou falsificado.

O blockchain opera como um grande livro de contabilidade digital, onde podem ser armazenadas enormes quantidades de informação. Esta base de dados está distribuída entre milhares de computadores em todo o mundo, o que a torna praticamente inalterável e resistente a manipulações ou eliminações.

Como são criadas as criptomoedas?

As criptomoedas são geradas através de um processo chamado mineração de criptomoedas. Os mineradores utilizam computadores com grande capacidade de processamento para resolver complexas equações matemáticas. Ao resolver esses problemas, recebem uma pequena quantidade de criptomoedas como recompensa.

Em outras palavras, a mineração de criptomoedas consiste em decifrar com sucesso os problemas matemáticos que o sistema gera. Aqueles mineradores que conseguem resolvê-los recebem criptomoedas como pagamento através do mecanismo de Prova de Trabalho (PoW, Proof of Work).

Para que são utilizadas as criptomoedas?

Originalmente, as criptomoedas foram criadas como um meio de pagamento alternativo. Atualmente, cada vez mais plataformas aceitam Bitcoin como forma de pagamento, incluindo algumas lojas físicas e serviços online. No Brasil, alguns comércios já permitem pagar com Bitcoin e outras criptomoedas.

Além disso, muitas pessoas utilizam as criptomoedas como uma forma de investimento a médio ou longo prazo, enquanto outros as empregam para fazer trading, ou seja, comprá-las e vendê-las com base em seus movimentos de preço, de maneira similar a como se opera na bolsa de valores com as ações.

Como investir em criptomoedas no Brasil?

Atualmente, há diversas formas de investir em criptomoedas no Brasil. Aqui explicamos as opções mais comuns:

1. Investir em criptomoedas através de exchanges e brokers

Para comprar e investir em criptomoedas, existem plataformas seguras e reguladas que oferecem baixos custos de negociação. Algumas das mais utilizadas no Brasil são Binance e Coinbase, onde é possível fazer trading de forma simples.

2. Investir em criptomoedas através da mineração

Outra forma de obter criptomoedas é através da mineração, que consiste em gerar novas unidades resolvendo complexos cálculos matemáticos com equipamentos especializados.

O termo mineração vem da analogia com a extração de ouro, que em seu tempo era uma forma de troca aceita em diversas sociedades.

No entanto, devido aos altos custos de energia elétrica e à potência computacional necessária, a mineração de criptomoedas já não é uma opção viável para usuários com computadores convencionais no Brasil. Atualmente, essa atividade é dominada por grandes centros de dados com equipamentos de alto desempenho.

3. Investir em criptomoedas através de casas de câmbio

Também é possível comprar e vender criptomoedas em casas de câmbio ou exchanges, onde as operações funcionam de maneira semelhante à compra e venda de moedas estrangeiras em uma casa de câmbio tradicional.

4. Investir em criptomoedas através de particulares

Existem plataformas como LocalBitcoins ou Paxful que permitem a compra e venda de Bitcoin e outras criptomoedas entre particulares. Também há grupos no Facebook e Telegram onde se podem realizar transações de forma direta.

Se escolher esta opção, recomenda-se operar apenas com usuários de confiança, verificar sua reputação e, caso realize a troca pessoalmente, fazê-lo em um lugar público e seguro.

5. Investir em criptomoedas através de caixas eletrônicos

O Brasil conta com vários caixas eletrônicos de criptomoedas, localizados em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Através desses caixas, é possível comprar Bitcoins com dinheiro ou cartão de crédito.

Os preços nesses caixas costumam ser entre 8% e 14% superiores ao valor de mercado, e os montantes de compra estão sujeitos a limites diários, que variam conforme a localização e a disponibilidade do caixa.

Por que investir em criptomoedas através de brokers?

Muitas pessoas buscam investir em criptomoedas porque, no passado, alguns investidores conseguiram rendimentos extraordinários. No entanto, as criptomoedas se caracterizam por sua alta volatilidade, o que significa que seus preços podem mudar drasticamente em questão de minutos.

Além disso, essas plataformas são reguladas e autorizadas, o que oferece maior segurança e proteção para os investidores. No entanto, isso também implica que os dados dos usuários sejam acessíveis para as autoridades financeiras, portanto, a posse desses contratos não é anônima.

Embora esse controle proteja os investidores de fraudes e esquemas ilegais, também evita que as criptomoedas sejam usadas para a lavagem de dinheiro.

Para aqueles que operam de maneira legal e transparente, isso não representa nenhum problema. A única coisa a considerar é o pagamento de impostos sobre os lucros obtidos no final do ano.

Benefícios e riscos das criptomoedas

As criptomoedas oferecem várias vantagens que têm feito com que cada vez mais pessoas no Brasil e no mundo as utilizem. No entanto, também apresentam certos riscos que é importante considerar.

Estratégias para investir em criptomoedas

Assim como na bolsa de valores ou no mercado imobiliário, existem diferentes formas de investir em criptomoedas. A seguir, explicamos algumas das mais populares.

1. Investir em criptomoedas a longo prazo (HODL)

O termo HODL é muito utilizado na comunidade cripto e significa manter uma criptomoeda por um longo período com a expectativa de que seu preço aumente com o tempo.

Essa estratégia é considerada um investimento passivo, pois não requer estar operando constantemente no mercado.

2. Investir em criptomoedas por interesse (staking)

Outra forma de investimento é o staking, que consiste em bloquear criptomoedas em uma rede para ajudar na sua segurança e funcionamento, em troca de receber uma recompensa em forma de juros.

As taxas de juros do staking variam conforme a criptomoeda, e podem ir de 4% até mais de 100% ao ano. A remuneração é paga em criptomoedas, não em reais ou outra moeda fiduciária.

3. Investir em criptomoedas como uma forma de poupança

Algumas plataformas permitem utilizar criptomoedas em contas de poupança, oferecendo juros semelhantes aos de uma conta bancária tradicional, embora com maior risco.

A principal diferença com o staking é que a poupança em criptomoedas geralmente oferece uma maior variedade de ativos e, dependendo da plataforma, os fundos podem estar bloqueados por um período determinado, como um mês.

Quando usado com stablecoins (moedas estáveis como USDT, USDC ou DAI), esta opção minimiza o risco de volatilidade, tornando-se uma alternativa mais previsível.

Como pagar impostos sobre criptomoedas no Brasil?

Assim como qualquer outro ativo, os ganhos obtidos com a compra e venda de criptomoedas no Brasil podem estar sujeitos à tributação, e é responsabilidade do contribuinte declará-los corretamente à Receita Federal.

A Receita Federal estabelece que pessoas físicas que obtêm rendimentos com a venda de ativos digitais, como criptomoedas, devem pagar Imposto de Renda (IR) sobre o lucro obtido, ou seja, sobre a diferença entre o preço de compra e o preço de venda. Para calcular o lucro tributável, deve-se subtrair do preço de venda o custo de aquisição.

Os lucros podem ser tributados conforme a tabela progressiva do Imposto de Renda sobre Ganhos de Capital, com alíquotas que variam entre 15% e 22,5%, dependendo do valor do lucro. Além disso, transações acima de R$ 30 mil no mês devem ser obrigatoriamente informadas à Receita Federal por meio do programa GCAP e posteriormente na Declaração de Ajuste Anual.

Caso a operação seja caracterizada como prestação de serviços, também pode haver a incidência de ISS (Imposto sobre Serviços), dependendo da regulamentação do município.

Se você faz trading frequente ou tem rendimentos significativos com criptomoedas, é recomendável contar com um contador especializado em tributação digital para evitar problemas com o Fisco e garantir a conformidade fiscal.