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Negociação de Alta Frequência (HFT): o que é e como afeta as bolsas?

conceito de hft

HFT... High Frequency Trading. O que é isso? Fique tranquilo, ouvir isso em português provavelmente te assusta menos. O comércio ou negociação de alta frequência é uma estratégia muito famosa para operar nos mercados de ações e que afeta em grande medida as bolsas e o comportamento financeiro. Por essa razão, vamos ver neste post tudo o que você precisa saber sobre o High Frequency Trading. Além disso, trazemos exemplos e casos reais.

O que é o High Frequency Trading (HFT)?

O high-frequency trading (HFT) é um tipo de operação realizada no mercado financeiro utilizando computadores de alta performance e algoritmos automatizados. A maior característica do HFT é a velocidade com que as transações são executadas, já que acontecem em frações de segundo. O objetivo principal é capturar pequenas variações de preço em curto prazo, geralmente aproveitando diferenças de centavos em cada negociação. Os traders que utilizam HFT costumam usar pouca alavancagem (leverage) e não mantêm suas posições por longos períodos, no máximo, até o dia seguinte.

No Brasil, a participação do HFT no mercado ainda é mais limitada em comparação com os Estados Unidos e Europa, mas tem mostrado crescimento nos últimos anos. Dados da B3, a bolsa de valores brasileira, indicam que o uso de HFT vem aumentando, especialmente entre investidores institucionais e estrangeiros. Esse crescimento é impulsionado pela busca por eficiência nas operações e pela modernização das infraestruturas de negociação no país. Embora o volume de transações por HFT ainda não atinja os níveis norte-americanos, onde cerca de 65% das operações são feitas por esse tipo de trading, sua presença no mercado brasileiro já começa a influenciar a volatilidade e a dinâmica das negociações.

Outro ponto importante é que o HFT também tem gerado discussões sobre regulação e impacto nos mercados locais da América Latina. A busca por uma regulação mais rígida que assegure uma competição justa entre os diferentes tipos de investidores tem sido um tema frequente, especialmente em países emergentes como o Brasil, onde a volatilidade pode ser mais acentuada.

Como funcionam as negociações de alta frequência?

O HFT funciona através de computadores que compram e vendem ações a uma velocidade extremamente rápida. Em mercados como o Nasdaq, alguns traders conseguem ver a pilha de ordens 30 milissegundos antes, aproveitando essa vantagem para identificar a demanda imediata. Cada operação gera centavos de lucro, mas é repetida milhões de vezes por dia.

Por exemplo, imagine um ativo negociado em várias bolsas (NYSE, Turquoise e ChiX). Se uma ordem é executada parcialmente na ChiX, os algoritmos de HFT antecipam que ela será completada em outra bolsa. O HFT então compra as ações em outra plataforma e as vende a um preço ligeiramente superior antes que a ordem original seja completada, obtendo um pequeno lucro.

Os HFTs têm capacidade de transmitir ordens entre mercados e antecipar grandes compras ou vendas. Para se proteger, grandes traders tentam sincronizar suas ordens em diferentes mercados, evitando que o HFT se aproveite da latência. A prática ilegal chamada “front running” ocorre se o HFT recebe informações da ordem antes que ela chegue ao mercado.

Quota de mercado do High Frequency Trade (HFT)

A influência das operações de high-frequency trading (HFT) no mercado financeiro é significativa. Embora o número de empresas que utilizam essa tecnologia seja relativamente pequeno, o volume de negócios gerado por elas é desproporcionalmente alto.

Em 2009, nos Estados Unidos, as empresas de HFT representavam apenas 2% dos operadores, mas eram responsáveis por 73% do volume total de negociações. No Reino Unido, estimativas de 2010 do Banco da Inglaterra apontavam uma situação semelhante, com o HFT dominando cerca de 40% do volume de ordens de ações na Europa e mostrando uma tendência de crescimento acelerado em mercados asiáticos, onde o volume variava entre 5% e 10%.

Um estudo de 2012, realizado pelo TABB Group, revelou que o HFT já representava mais de 60% do volume total no mercado de futuros das bolsas americanas. Até 2020, cerca de 50% das operações realizadas nas bolsas de valores eram feitas por sistemas de alta velocidade, com mais de 20.000 empresas utilizando esse tipo de tecnologia.

No caso do Brasil, embora o HFT ainda não tenha atingido o mesmo nível de penetração que nos mercados norte-americanos e europeus, o uso desse tipo de negociação vem crescendo. A B3 (Bolsa de Valores Brasileira) tem registrado um aumento nas operações de HFT, especialmente entre investidores estrangeiros, o que já começa a influenciar a volatilidade e o comportamento dos preços no mercado local.

Dado esse impacto no mercado global e local, vale a pena examinar as principais estratégias de trading adotadas pelos operadores de high-frequency trading.

Principais estratégias de High Frequency Trading (HFT)

Como em toda estratégia de investimento existem diferentes técnicas disponíveis com as quais poder operar. E a seguir vamos ver as três técnicas mais utilizadas no HFT

Estratégias para Operar com a Negociação de Alta Frequência
Técnica de Saturação
Técnica de Interferências
Técnica de Engano
Técnica de trading baseado em notícias.

Técnica de saturação

Consiste em uma série de empresas (HFT) detectarem que o mercado vai receber uma ordem de compra de ações por parte de um investidor, então enviam uma avalanche de ordens para comprar as ações a um determinado preço e depois poder vendê-las alguns centavos acima antes que a ordem inicial de um investidor seja executada.

Dessa forma, apenas aqueles que operam mais rápido poderão aproveitar essa diferença de preços. Ou seja, eles se antecipam às ordens do mercado e as colocam a um preço ligeiramente superior.

Técnica de interferências

Consiste em enviar uma ordem e no mesmo milissegundo eliminar esta ordem. Dessa maneira, confunde-se a bolsa com ordens que em muito poucas ocasiões são executadas.

Esta estratégia tem como objetivo induzir ao erro os intervenientes, já que o fato de tê-la aberto, mesmo que por apenas um milissegundo, dará ao mercado, e em particular, aos pequenos investidores, a impressão de que está entrando volume, o que os motivará a abrir novas posições (se encaixa com sua estratégia). Assim, quando perceberem que era apenas uma interferência feita por essas máquinas, muitos traders já estarão investidos e presos.

Técnica do engano

Consiste em fingir que você vai comprar ações, lançando ordens de mercado, mas a intenção final é de vender ( e vice-versa).

Trading baseado em notícias

As notícias de qualquer empresa listada em formato de texto eletrônico estão disponíveis em muitas fontes. Dessa forma, os sistemas automatizados podem identificar os nomes das empresas, as palavras-chave e, às vezes, a semântica para realizar transações com base em notícias antes que os operadores humanos possam processar tais notícias. Existem muitas estratégias de investimento baseadas no HFT, incluindo:

  • Preenchimento de cotações
  • Trading de cotações de fita de teletipo (ticker-tape).
  • Arbitragem de eventos
  • Arbitragem estatística
  • Índice de arbitragem

Diferença entre latência e velocidade nas ordens dos HTF

A velocidade é medida em espaço/tempo, enquanto a latência é o tempo que passa desde que a ordem é transmitida até que seja executada. A latência leva em conta os "semáforos", os diferentes intermediários pelos quais a ordem passa até chegar ao seu destino.

O Flash Crash de maio de 2010 provocado pelas HFT

Em 6 de maio de 2010, ocorreu um evento inédito em Wall Street, conhecido como Flash Crash, no qual o mercado despencou de forma abrupta e extremamente rápida. Inicialmente, acreditava-se que essa queda estivesse relacionada à crise grega e às medidas de austeridade adotadas pelo governo grego, que já tinham provocado uma série de distúrbios e tensões no país. No entanto, o verdadeiro gatilho para o colapso não vinha da Europa.

A origem do Flash Crash foi uma venda massiva de 75.000 contratos feita pelo fundo de pensão americano Waddell & Reed. A operação foi executada a uma velocidade tão alta que parecia um movimento desesperado para se livrar desses títulos. Embora essa venda por si só não tivesse sido suficiente para desestabilizar o mercado, o pânico rapidamente se espalhou entre as empresas de HFT, que começaram a vender freneticamente em questão de microssegundos.

O colapso durou menos de 14 minutos. A Bolsa de Chicago conseguiu interromper a queda ao suspender as cotações por 5 segundos, um breve intervalo que ajudou a conter o caos. Esse episódio serviu como um alerta importante sobre os riscos que o high-frequency trading pode representar para o mercado, mostrando até que ponto uma queda súbita, ou flash crash, pode acontecer devido às operações em alta velocidade.

Empresas que operam com comércio de alta frequência

As empresas que operam com HFT usam shorts e longs simultaneamente, lançando ordens limitadas a um preço de mercado ligeiramente acima ou abaixo, dependendo se é venda ou compra. Com isso, buscam o lucro seguro da diferença de preço e, para isso, precisam que o tempo de entrada no mercado seja imediato. São especialistas em arbitragem estatística, procurando discrepâncias de preços entre os valores de diferentes classes de ativos. As operações de HFT desempenham a função de market makers ou fornecedores deles, criando oferta e demanda.

Alguns dos traders que negociam maiores volumes através de estratégias HFT
Knight Capital Group
Getco LLC
Citadel LLC
Jump Trading
LLC
Goldman Sachs
Virtu

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Investir envolve riscos. Perca pode exceder o valor investido. Avalie cuidadosamente.

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