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Em meio a um cenário global de inflação resistente, juros incertos e tensões geopolíticas crescentes, o ouro voltou a ganhar protagonismo nos mercados internacionais. A recente fala de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, reforçou o alerta sobre os riscos inflacionários nos Estados Unidos, reacendendo o interesse dos investidores pelo metal como ativo de proteção.
No Brasil, onde o IPCA voltou a incomodar e o dólar mostra sinais de instabilidade, a pergunta é inevitável: vale a pena investir em ouro agora?
O ouro à vista avançou 0,3% e chegou a US$ 3.378,59 por onça nesta quinta-feira, após recuar 0,6% na sessão anterior. O motivo? Um sinal claro do presidente do Fed, Jerome Powell, de que a inflação americana ainda preocupa, e pode atrapalhar os cortes de juros esperados até o fim do ano.
No entanto, os novos dados divulgados pelo Fed mostram uma combinação indigesta para os mercados: crescimento mais fraco, inflação mais alta e aumento no desemprego. O detalhe que pegou o mercado de surpresa foi a indicação de que tarifas impostas recentemente podem continuar sendo repassadas aos preços finais.
Ainda assim, o metal precioso também está sendo impulsionado por conflitos no Oriente Médio, especialmente após declarações de Donald Trump sobre o Irã. A falta de clareza sobre o envolvimento dos EUA ao lado de Israel adiciona uma camada de incerteza que costuma favorecer ativos de proteção como o ouro.
Não à toa, o ouro já acumula uma valorização de quase 30% só em 2025, apoiado também por compras de bancos centrais e entrada de capital via ETFs. Investidores institucionais estão claramente reforçando posições defensivas.
O ouro é visto historicamente como um hedge natural contra a inflação. Quando os preços sobem e a moeda perde poder de compra, o metal tende a preservar valor. No entanto, ele também não rende juros, então pode perder atratividade se os juros sobem, como o Fed já sinalizou que poderá evitar novos cortes.
Portanto, quando o cenário é de inflação alta, mas com incerteza sobre os juros, o ouro se torna uma forma de proteção para quem quer reduzir exposição a ativos de risco, como ações.
Com alta de quase 30% em 2025, o ouro levanta dúvidas: ainda há espaço para subir ou vem correção por aí? A resposta depende de fatores como a política monetária do Fed, o câmbio e o cenário geopolítico. Se os cortes de juros forem adiados, o metal tende a seguir valorizado, já que a taxa real baixa favorece ativos como o ouro, que não rendem.
Outro ponto crítico é o dólar. Um real mais fraco encarece o ouro no Brasil, enquanto uma valorização da moeda local, por melhora fiscal ou superávit, pode segurar o preço em reais, mesmo com avanço lá fora.
Além disso, tensões no Oriente Médio, eleições nos EUA e atritos comerciais mantêm o metal no radar como proteção. Projeções? A J.P. Morgan fala em US$ 4.000/onça até o fim do ano. A VanEck, mais cautelosa, projeta entre US$ 3.675 e US$ 3.800. Mesmo assim, oscilações de 5% a 10% são esperadas. Para o investidor brasileiro, quedas pontuais, especialmente com dólar em baixa, podem abrir boas oportunidades de entrada.
👉 Como Investir em Ouro: ações, ETFs, fundos e ouro físico
Fed mantém juros altos por mais tempo | Inflação persistente, economia dos EUA resiliente | Pressão de curto prazo no ouro (queda ou lateralização) | Aguardar correções para entrada gradual em ETFs como GOLD11 | ||||
Fed inicia cortes em breve | Inflação sob controle, desaceleração econômica | Alta no ouro (benefício por custo de oportunidade menor) | Aumentar exposição ao ouro como proteção e busca por valorização | ||||
Nova escalada geopolítica (Oriente Médio, China/EUA) | Crescente aversão ao risco global | Forte valorização do ouro como porto seguro | Manter ou reforçar posição em ouro; diversificar com ativos no exterior | ||||
Real se valoriza fortemente frente ao dólar | Melhor percepção fiscal, fluxo de capital estrangeiro | Redução do preço do ouro em reais, mesmo com alta global | Comprar frações em recuos para travar preço médio menor via GOLD11 | ||||
Inflação no Brasil sai do controle | Choques internos (energia, alimentos, fiscal) | Alta do ouro como hedge inflacionário local | Alocar até 10% da carteira como proteção com ETFs e fundos atrelados ao ouro |
Cenário | Contexto provável | Impacto no ouro | Estratégia recomendada |
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Fed mantém juros altos por mais tempo | Inflação persistente, economia dos EUA resiliente | Pressão de curto prazo no ouro (queda ou lateralização) | Aguardar correções para entrada gradual em ETFs como GOLD11 |
Fed inicia cortes em breve | Inflação sob controle, desaceleração econômica | Alta no ouro (benefício por custo de oportunidade menor) | Aumentar exposição ao ouro como proteção e busca por valorização |
Nova escalada geopolítica (Oriente Médio, China/EUA) | Crescente aversão ao risco global | Forte valorização do ouro como porto seguro | Manter ou reforçar posição em ouro; diversificar com ativos no exterior |
Real se valoriza fortemente frente ao dólar | Melhor percepção fiscal, fluxo de capital estrangeiro | Redução do preço do ouro em reais, mesmo com alta global | Comprar frações em recuos para travar preço médio menor via GOLD11 |
Inflação no Brasil sai do controle | Choques internos (energia, alimentos, fiscal) | Alta do ouro como hedge inflacionário local | Alocar até 10% da carteira como proteção com ETFs e fundos atrelados ao ouro |
Vários gatilhos podem reverter (ou acelerar) essa tendência:
O ouro vive um momento de destaque e, para muitos analistas, ainda tem fôlego para subir, especialmente se o Fed postergar cortes de juros e as tensões globais se intensificarem. Mas como todo ativo, ele carrega riscos e exige leitura de cenário. Para o investidor brasileiro, que enfrenta uma inflação resiliente e um câmbio volátil, o metal pode sim ser uma peça valiosa de proteção, desde que esteja bem posicionado na carteira.
Entre com parcimônia, acompanhe indicadores como o IPCA, o dólar e os discursos do Fed, e use ETFs para manter agilidade. O ouro pode não pagar dividendos, mas pode te proteger quando o mercado resolve cobrar caro por risco.