Biografias
Ralph Nelson Elliott formulou uma das abordagens mais influentes da análise técnica ao propor que os preços avançam em ondas de impulso e correção. A seguir, traçamos sua vida, as fontes de inspiração do modelo e as principais aplicações, do pregão clássico aos gráficos digitais, além das críticas que cercam a teoria.
Ralph Nelson Elliott (1871-1948) foi um economista e gestor com trajetória atípica que, décadas depois, ficaria conhecido por formular a Teoria das Ondas. O analista Hamilton Bolton resumiu sua contribuição ao dizer que Elliott “desenvolveu seu princípio por um método racional de análise de mercado, em uma escala inédita”. Brilhante e obstinado, chegou ao reconhecimento tardiamente, e não sem percalços.
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De volta aos EUA para tocar uma consultoria independente, Elliott contraiu na América Central uma infecção amebiana que evoluiu para anemia severa. Mesmo com boas resenhas e demanda crescente por seus comentários, a saúde o obrigou a se retirar aos 58 anos (1929). O período de convalescença o levou a mergulhar na observação sistemática dos mercados, etapa que pavimentou seu trabalho posterior.
Enquanto se recuperava de problemas de saúde, Elliott decidiu ocupar a mente analisando o Dow Jones. Vasculhou 75 anos de cotações, de séries anuais a janelas de 30 minutos, e começou a resumir suas observações em maio de 1934. O que hoje chamaríamos de padrões fractais ganhou, nas mãos dele, regras e relações entre movimentos de preços em diferentes prazos. Havia erros no início, mas a calibragem contínua elevou a precisão das leituras.
Convicto, apresentou suas ideias a Charles J. Collins (Investment Counsel, Inc., Detroit). Collins costumava testar métodos de “vencer o mercado” e pedia previsões temporais para aferir consistência. A maioria falhava; com Elliott, a história foi diferente.
No começo de 1935, o DJIA caía e o Dow Jones Rail Average rompera a mínima de 1934. Na quarta-feira, 13 de março, logo após o fechamento, Elliott telegrafou a Collins:
“Apesar do viés de baixa, todos os índices estão em fundo.”
Na manhã seguinte (14/03/1935), o DJIA marcou a mínima do ano e, no 13º mês de correção, o mercado inverteu a tendência e voltou a subir, exatamente como Elliott antecipara.
Dois meses depois, impressionado com a acurácia, Collins concordou em colaborar no livro The Wave Principle, lançado em 31 de agosto de 1938. A obra parte de um ponto simples e ambicioso: mercados (e atividades socioeconômicas) se organizam segundo leis, produzindo impulsos e ondas identificáveis.
Semanas após o lançamento, Elliott mudou-se para Columbia Heights (Brooklyn), perto do distrito financeiro, e iniciou uma série de artigos com análises e projeções. Em 1939, publicou 12 textos na revista Financial World, o que consolidou sua reputação e abriu espaço para boletins educacionais. Na década de 1940, aprofundou a ligação entre padrões de mercado, comportamento humano e as proporções de Fibonacci, base do arcabouço que marcaria a Teoria das Ondas.
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Aos 75 anos, Ralph Nelson Elliott reuniu sua visão em Nature’s Law - The Secret of the Universe. Publicado em 10 de junho de 1946, o volume consolida praticamente todas as ideias do Princípio das Ondas. A primeira tiragem, 1.000 cópias, foi adquirida por membros da comunidade financeira de Nova York. Dois anos antes de sua morte, Elliott firmou o legado que o tornaria referência na análise técnica.
Hoje, gestores institucionais, traders e investidores individuais seguem utilizando o Princípio das Ondas como uma das lentes para leitura de tendência, estrutura de preços e sentimento do mercado, exatamente como Elliott imaginou.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.