Trading de matérias primas
O investimento em ouro está em alta. Nos últimos três anos, o metal precioso acumulou valorização superior a 100% em dólares. Mas você sabia que o preço da prata também registrou um salto de aproximadamente 80% nos últimos meses?
Isso significa que, mesmo que você tenha perdido o impressionante rally do ouro, que vem renovando suas máximas históricas quase mês a mês, ainda há espaço para considerar o chamado “ouro do povo” como alternativa de diversificação. Neste artigo, você vai entender por que a prata pode continuar se valorizando e conhecer as principais formas de investir em prata no Brasil, seja através de ativos listados na B3, ETFs internacionais ou fundos especializados.
Uma das maneiras mais diretas é investir em ações de empresas ligadas à prata. Aqui podemos diferenciar dois tipos principais de negócios:
Comprar ações de mineradoras de prata significa participar de empresas que exploram e gerenciam minas com reservas do metal. No entanto, poucas companhias têm a prata como atividade exclusiva. Cerca de 30% da oferta global de prata é proveniente de mineradoras especializadas.
Outra alternativa é investir em empresas de royalties, que financiam projetos de mineração em troca de um percentual dos lucros ou de parte da produção. Esse modelo apresenta menor risco, já que antes de financiar uma mina, a empresa de royalties realiza estudos de viabilidade.
Embora a participação nos lucros seja menor em relação às mineradoras, os riscos de operação e de capital são significativamente reduzidos. Por isso, para muitos investidores, esse modelo de negócios pode ser mais estável e interessante no longo prazo.
Tanto as mineradoras quanto as empresas de royalties oferecem maior exposição direta ao mercado de prata, mas também trazem volatilidade acima da média. Isso significa que podem gerar ganhos expressivos em ciclos de alta, mas igualmente perdas relevantes em períodos de queda. Entre as duas opções, o modelo de royalties tende a ser visto como mais defensivo e previsível.
MAG Silver Corp | MAG.TO | CA55903Q1046 | |||
First Majestic Silver Corp. | FR.TO | CA32076V1031 | |||
Wheaton Precious Metals | WPM | CA9628791027 | |||
Pan American Silver | PAAS | CA6979001089 | |||
Coeur Mining | CDE | US1921085049 |
Empresa | Ticker | ISIN |
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MAG Silver Corp | MAG.TO | CA55903Q1046 |
First Majestic Silver Corp. | FR.TO | CA32076V1031 |
Wheaton Precious Metals | WPM | CA9628791027 |
Pan American Silver | PAAS | CA6979001089 |
Coeur Mining | CDE | US1921085049 |
Essas companhias operam principalmente no Canadá e nos Estados Unidos, regiões que concentram grande parte da produção global de prata. Para investidores brasileiros, elas funcionam como uma forma de exposição internacional ao mercado de prata, seja via BDRs disponíveis na B3 ou por corretoras que permitem operar diretamente em bolsas estrangeiras, como a NYSE ou a Toronto Stock Exchange.
Os ETFs de prata são fundos listados em bolsa que replicam o desempenho do metal, oferecendo exposição ao preço spot sem que o investidor precise lidar com armazenamento físico. Para o investidor brasileiro, esse tipo de produto pode ser acessado de duas formas:
A grande vantagem dos ETFs é a simplicidade: eles têm baixas taxas de administração, alta liquidez e reduzem os riscos operacionais em comparação com a compra física de prata.
👉 Melhores ETFs de prata a partir do Brasil
Invesco Physical Silver | 8PSB | IE00B43VDT70 | |||
WisdomTree Physical Silver | PHAG | JE00B1VS3333 | |||
Xtrackers Physical Silver EUR Hedged ETC | XAD2 | DE000A1EK0J7 | |||
iShares Physical Silver ETC | PPFD | IE00B4NCWG09 |
Nome | Ticker | ISIN |
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Invesco Physical Silver | 8PSB | IE00B43VDT70 |
WisdomTree Physical Silver | PHAG | JE00B1VS3333 |
Xtrackers Physical Silver EUR Hedged ETC | XAD2 | DE000A1EK0J7 |
iShares Physical Silver ETC | PPFD | IE00B4NCWG09 |
Para o investidor brasileiro que deseja operar diretamente na B3, uma alternativa é buscar BDRs de ETFs internacionais, disponíveis em algumas corretoras. Isso permite diversificação global sem a necessidade de abrir conta no exterior.
Outra forma de ganhar exposição ao metal é investir em prata por meio de derivativos financeiros. Essa alternativa é mais usada por traders e investidores avançados, pois oferece alta flexibilidade para especular tanto na alta quanto na queda do preço da prata.
👉 Como Investir em Derivativos Financeiros
Entre os instrumentos mais comuns estão os contratos futuros, as opções e, em algumas corretoras internacionais, as chamadas opções barreira.
Direção da operação | Possibilidade de abrir posição altista (call) ou baixista (put) | Call com entrada em US$ 39,15 por onça | |||
Knock-out (limite de perda) | Encerramento automático da posição ao atingir nível pré-definido | US$ 36,94 (perda máxima de ~US$ 442) | |||
Stop/Limite de ganho | Definição prévia de stop loss e take profit | Take profit em US$ 45,78 (relação risco/retorno 3:1) | |||
Alavancagem | Exposição maior com baixo custo inicial, mas risco elevado | Operação com capital reduzido amplifica ganhos e perdas |
Característica | Descrição | Exemplo prático |
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Direção da operação | Possibilidade de abrir posição altista (call) ou baixista (put) | Call com entrada em US$ 39,15 por onça |
Knock-out (limite de perda) | Encerramento automático da posição ao atingir nível pré-definido | US$ 36,94 (perda máxima de ~US$ 442) |
Stop/Limite de ganho | Definição prévia de stop loss e take profit | Take profit em US$ 45,78 (relação risco/retorno 3:1) |
Alavancagem | Exposição maior com baixo custo inicial, mas risco elevado | Operação com capital reduzido amplifica ganhos e perdas |
Neste exemplo, não se trata de recomendação, coloquei uma ordem em uma opção barreira long call, definindo o knock-out no ponto pivô do canal lateral (3.694 pontos) e um take profit no nível de 4.578, ainda abaixo das máximas históricas da prata, em uma relação risco-retorno de 3:1, o que não é nada mau.
👉 Contrato futuro de prata: como funciona
Nos últimos 18 meses, a onça de prata se valorizou cerca de 80%, depois de quase cinco anos de preços estagnados. Hoje, já opera em níveis que não eram vistos há décadas.
É verdade que ainda está abaixo do recorde em torno de US$ 49 por onça, alcançado no início dos anos 1980 e quase retomado em 2011. Essa distância dos topos históricos é justamente o primeiro sinal positivo: enquanto o ouro segue renovando máximas, a prata ainda não superou seus picos anteriores, embora tudo indique que possa fazê-lo em breve.
Mas preços de ativos não sobem apenas por estatísticas históricas, e sim por fundamentos econômicos que justificam sua valorização. É nesse contexto que entram em cena as três razões principais que sustentam o atual rally da prata, o chamado “ouro do povo”, e que podem levar o metal a retomar, ou até superar, suas máximas históricas.
Talvez você pense: “mais uma matéria-prima com escassez, nenhuma novidade”. Mas no caso da prata, isso é um fator decisivo. Segundo estudo recente do The Silver Institute, o mercado global de prata acumula quase cinco anos de déficit, ou seja, a produção anual não tem sido suficiente para atender à demanda. E tudo indica que 2025 também seguirá nesse cenário.
Durante a década passada, oferta e demanda caminharam lado a lado. O que mudou? O salto expressivo da demanda industrial, especialmente no setor de energias renováveis. A prata é um dos condutores elétricos mais eficientes do mundo e se tornou insumo fundamental em painéis fotovoltaicos, veículos elétricos e eletrônica avançada (chips, 5G, inteligência artificial).
A expansão global de parques solares, o avanço dos carros elétricos e o crescimento acelerado da IA vêm pressionando a procura. Isso cria um cenário de desequilíbrio que sustenta a valorização da prata e reforça seu potencial de alta nos próximos anos.
Não poderia ser diferente: quando se fala em escassez, esse é o chamado que atrai o capital institucional.
O exemplo mais claro é o iShares Silver Trust (SLV), maior ETF de prata física do mundo. Em 2025, o fundo já acumula mais de 490 milhões de onças em cofres de Londres, após adicionar mais de 14 milhões de onças apenas entre julho e agosto, um avanço de cerca de 3% em dois meses.
Esse apetite dos investidores institucionais impulsionou o desempenho: em 2024 e no início de 2025, o SLV valorizou cerca de 14% ao ano, superando inclusive alguns ETFs de ouro e o índice S&P 500. Quando capitais dessa magnitude entram no jogo, não apenas pressionam a oferta física limitada de prata, como também enviam uma forte sinalização de confiança ao mercado.
Outro ponto relevante é que os estoques certificados pela LBMA (London Bullion Market Association), referência global em ouro e prata, estão nos níveis mais baixos dos últimos seis anos. Isso restringe ainda mais a disponibilidade do metal e reforça a tendência altista e especulativa da prata.
Nesse ambiente, cada compra em massa dos institucionais tem efeito multiplicador: acelera o rally da prata e atrai traders e investidores pessoa física que não querem ficar de fora da tendência.
Outro fator de atenção é a relação ouro/prata (gold-to-silver ratio). Em maio de 2025, esse indicador ultrapassou a barreira psicológica de 100 para 1, ou seja, eram necessárias mais de 100 onças de prata para comprar apenas uma de ouro.
Historicamente, esse ratio costuma variar entre 35 e 60 vezes. Quando chega a níveis tão extremos, acende um alerta entre os investidores, que enxergam nisso uma oportunidade clara de arbitragem.
O motivo é simples: sempre que a relação se afasta muito da média histórica, a prata tende a recuperar valor em relação ao ouro nos meses seguintes. Não é apenas análise técnica, mas também uma percepção de valor relativo: se o ouro já avançou demais e a prata ficou para trás, os grandes investidores ajustam carteiras para fechar esse gap.
Atualmente, a relação está em torno de 88 vezes. Isso pode indicar sobrecompra do ouro frente à prata. Em termos práticos, para que o ratio volte ao seu nível histórico, dois cenários são possíveis: o preço do ouro cair (algo pouco provável no curto prazo) ou o preço da prata seguir em trajetória de alta.
O investimento em prata pode ser atrativo, mas seu comportamento é particular dentro dos metais preciosos. Diferente do ouro, usado como reserva de valor, a prata tem papel duplo: é ativo de proteção e também insumo industrial.
Isso significa que sua cotação é influenciada tanto por fatores financeiros (inflação, política monetária) quanto por setores como energia solar, carros elétricos e eletrônica avançada. Essa dupla função costuma gerar maior volatilidade, com fortes altas e quedas acentuadas.
Historicamente, a rentabilidade da prata passou por grandes ciclos. Em momentos de inflação ou crises cambiais, tende a se valorizar, como em 2011 e 2020.
Já em períodos de estagnação, o ouro costuma ter desempenho melhor. Por isso, especialistas defendem que a prata seja vista como complemento ao ouro, oferecendo potencial de alta quando a relação ouro/prata está desajustada, mas também riscos maiores se o cenário não for favorável.
Em resumo, investir em prata será rentável se três condições se mantiverem:
Se esses fatores persistirem, a prata pode voltar a superar máximas históricas. Ainda assim, exige paciência, gestão de risco e visão estratégica, e não deve ser encarada apenas como aposta de curto prazo.
Em definitiva, investir em prata, seja por meio de lingotes e moedas de prata, ou via bolsa de valores, pode ser uma alternativa interessante. O metal combina valor como matéria-prima em aplicações industriais com seu papel de ativo de proteção e reserva de valor histórica em tempos de incerteza.