Desde o resultado das eleições americanas, um dos principais focos de atenção dos investidores tem sido a possível revogação dos créditos fiscais para energia limpa no país.
Como as eleições dos EUA afetam as energias limpas?
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A revogação generalizada da lei IRA (Inflation Reduction Act) é um cenário de baixa probabilidade e como mostrado no gráfico abaixo, 60-70% dos principais projetos de energias renováveis(solar, baterias e eólica) estão sendo construídos em estados republicanos(cor vermelha no gráfico).
A seguir, você pode observar um gráfico que mostra o pipeline em renováveis dos EUA de cada empresa sobre sua avaliação(irrelevante para a maioria delas). Sendo Orsted e RWE as mais expostas à eólica nos EUA e, portanto, com maior risco.
NPV do pipeline dos EUA como % da avaliação patrimonial SoTP do BNPPE (aproximado) | Fonte: Exane
No gráfico acima, vemos a participação de cada empresa no setor de renováveis nos EUA. No entanto, é importante destacar que essas mudanças impactam apenas o pipeline de energia eólica nos EUA. Se analisarmos a relevância desse pipeline em relação ao total de projetos renováveis das empresas, vemos que a maioria delas tem baixa exposição ao risco, com exceção de Orsted (19%) e RWE (6%).
Para o investidor brasileiro, o fator mais relevante é a tendência do setor de energia limpa e as oportunidades de investimento em empresas com foco em armazenamento de energia (baterias ou bombeamento hidráulico), redes elétricas e modelos integrados, que são opções mais resilientes a fatores políticos externos.
Armazenamento, redes e modelos integrados
Existem segmentos dentro do setor de energias renováveis que são mais resilientes a fatores externos, como redes elétricas, armazenamento de energia e modelos integrados. No Brasil, esses setores vêm recebendo incentivos e investimentos devido à crescente necessidade de expansão e modernização da matriz energética.
Redes elétricas
O governo brasileiro tem impulsionado investimentos em redes de transmissão e distribuição de energia para garantir a estabilidade e competitividade do setor elétrico.
A expansão da rede elétrica é essencial para integrar novas fontes de energia renovável e reduzir restrições operacionais, garantindo maior eficiência no sistema.
Empresas como Eletrobras (ELET3), Engie Brasil (EGIE3) e CPFL Energia (CPFE3) possuem forte atuação nesse segmento, sendo beneficiadas por políticas de incentivo à eletrificação e melhoria da infraestrutura energética.
Armazenamento de energia
O crescimento das energias renováveis e o aumento dos greenouts (quando os preços caem a zero ou a geração renovável é limitada pelo sistema) impulsionam o desenvolvimento de tecnologias de armazenamento de energia.
Baterias: possuem potencial de alta rentabilidade, com a queda no custo de materiais como o lítio, tornando-as uma alternativa cada vez mais viável para o setor.
Bombeamento hidráulico: apresenta maior capacidade de armazenamento e estabilidade em comparação com as baterias, mas requer licenciamento ambiental mais rigoroso, o que pode levar a atrasos nos projetos.
No Brasil, o setor de armazenamento de energia ainda está em desenvolvimento, mas algumas empresas já vêm investindo nesse mercado, criando oportunidades para investidores interessados na expansão da infraestrutura energética do país.
Como investir em energias limpas?
Na hora de investir em energias limpas, podemos fazê-lo de várias formas através de diversos veículos de investimento como ações de empresas, fundos de investimento ou ETFs.
Ações
Fundos de investimento sustentáveis
ETFs
Investimento em energias limpas com ações
O primeiro tipo de ativo a observar são as ações de empresas de energias renováveis. Em cada uma delas vemos grande potencial, refletido nos gráficos abaixo (BPA: linha vermelha vs. cotação: linha branca).
Grenergy: empresa atraente por sua diversificação em tecnologia (fotovoltaica, eólica e armazenamento de energia por meio de baterias) e regional (Europa, EUA e LATAM) com 15 anos de experiência no setor.
Empresa ativa na rotação de projetos, com sólido crescimento futuro, margem bruta superior a 40% e margem EBITDA superior a 30%. Atualmente está construindo o maior projeto de baterias do mundo no Deserto do Atacama (Chile) com uma capacidade de 10,9GWh e 2GW de capacidade solar.
Fonte: Bloomberg
Iberdrola: atraente diversificação geográfica e por negócios, com presença em diferentes tecnologias e com objetivo de crescimento em redes e energias renováveis (fotovoltaica, eólica onshore/offshore, armazenamento de energia através de baterias e projetos pioneiros em produção de hidrogênio verde).
Continua geração de caixa apesar de seu forte investimento em energias renováveis e redes. Sólido crescimento futuro com margem bruta superior a 40%, margem EBITDA superior a 30%.
Fonte: Bloomberg
Engie: utility integrada diversificada por tecnologia (solar, eólica, geograficamente com exposição à Europa, EUA, LATAM, Ásia e África).
Tem uma forte presença em redes, operando a rede de transmissão de gás natural na França e no Brasil (TAG, adquirida em 2019).
Fonte: Bloomberg
EDPR: líder mundial no setor de energias renováveis e quarto maior produtor de energia eólica. Empresa atraente por sua diversificação geográfica (Europa, EUA, Canadá e LATAM) e por tecnologia (fotovoltaica, eólica onshore e offshore, autoconsumo industrial e armazenamento de energia através de baterias).
Ativa na rotação de projetos, com sólido crescimento futuro com margem bruta superior a 40%, margem EBITDA superior a 70%.
Fonte: Bloomberg
Também é possível ter exposição através de títulos verdes das principais empresas dentro do setor de utilities e energias renováveis:
Investimento em energias limpas com fundos de investimento
Outra alternativa são os fundos de investimento focados em energias limpas, que proporcionam diversificação e gestão profissional. Alguns exemplos incluem:
DNB Fund Renewable Energy: fundo especializado em empresas do setor de energia renovável.
Guinness Sustainable Energy: investe em companhias de tecnologia e infraestrutura sustentável.
Pictet-Clean Energy Transition: foca na transição energética global e na redução de emissões de CO2.
Esses fundos são boas opções para quem deseja investir no setor sem precisar escolher ações individuais.