Trading
O Bitcoin (BTC) atingiu uma fase de relativa estabilidade em torno dos US$ 107 mil, mas longe de transmitir segurança, esse movimento tem gerado apreensão entre traders e analistas brasileiros. Em meio a um cenário global carregado de incertezas econômicas, decisões do Federal Reserve e tensões geopolíticas, o mercado começa a se perguntar: estamos diante de um suporte sólido ou de uma calmaria enganosa antes de uma nova correção?
Nas últimas semanas, o Bitcoin mostrou resiliência técnica acima dos US$ 107 mil, sustentado por uma combinação de fatores: a presença cada vez maior de players institucionais, como fundos americanos e ETFs spot, e o posicionamento cauteloso do Fed, que decidiu não mexer nos juros por ora.
Esse movimento favoreceu ativos de risco como o BTC, que também se beneficia de sua imagem como reserva alternativa de valor, sobretudo quando há incertezas inflacionárias, algo que ainda preocupa economias desenvolvidas.
O Brasil, por sua vez, acompanha esse ritmo com atenção. O real desvalorizado frente ao dólar em 2024 e o IPCA voltando a acelerar em abril tornaram o Bitcoin novamente um ativo considerado por investidores que buscam proteção patrimonial.
A estabilidade atual pode ser frágil. O mercado está atento a três riscos principais:
Segundo relatórios de mesas brasileiras como MB e QR Asset, caso o suporte de US$ 107 mil seja rompido, o BTC pode buscar US$ 97 mil ou até mesmo a faixa dos US$ 93 mil a US$ 94 mil, onde há zonas de liquidez histórica.
No curto prazo, a zona entre US$ 102 mil e US$ 107 mil segue sendo o suporte mais relevante, com forte volume negociado. Rompendo essa faixa, o BTC pode testar os US$ 97 mil, nível que já segurou o preço durante correções anteriores em 2024.
Se o mercado perder também os US$ 94 mil, analistas veem espaço para quedas até US$ 88 mil, onde há clusters de ordens pendentes. Um rompimento abaixo disso mudaria completamente a estrutura de alta vigente desde o halving.
Enquanto alguns especialistas acreditam que o mercado está consolidando antes de um novo impulso, outros são mais cautelosos. Destacam que a combinação de pressão macroeconômica e conflitos geopolíticos poderia desencadear uma correção maior se esses riscos não forem contidos.
A confiança de que o BTC se mantenha acima dos 100.000 USD depende, em boa medida, da evolução desses fatores exógenos.
Para quem investe no Brasil, o preço do Bitcoin em reais é impactado diretamente pela cotação do dólar. Mesmo com o BTC lateralizado em dólar, se o câmbio subir, o ativo se valoriza por aqui. Hoje, com o dólar próximo de R$ 5,40, cada movimentação internacional pode gerar volatilidade adicional no mercado local.
Além disso, muitos investidores brasileiros ainda veem o Bitcoin como uma forma de dolarização indireta. É comum o uso do BTC para proteção contra inflação, perda de poder de compra e riscos fiscais. Plataformas como Mercado Bitcoin, Foxbit e Binance Brasil têm registrado aumento nas negociações de quem busca justamente essa proteção.
O Bitcoin está em uma encruzilhada. Se conseguir manter o suporte em US$ 107 mil, pode retomar a tendência de alta e buscar patamares como US$ 112 mil ou US$ 116 mil, onde há resistência técnica relevante.
Mas se o cenário macro piorar ou os grandes players começarem a desmontar posições, uma queda mais forte não está descartada. E isso teria reflexo direto no mercado brasileiro, tanto em preço quanto em sentimento de risco.