Bolsa
Em meio a um mercado volátil porém positivo em 2025, investidores brasileiros buscam oportunidades tanto na bolsa local quanto no exterior. O Ibovespa acumula alta de quase 14% até maio, impulsionado pelo forte fluxo de capital estrangeiro em busca de “blue chips” brasileiras.
Ao mesmo tempo, lá fora, os índices americanos foram impulsionados principalmente pelas big techs no primeiro semestre, em especial empresas ligadas à inteligência artificial (IA). Com sinais de alívio na inflação e possível corte de juros nos próximos meses, o cenário favorece uma seleção de ações fundamentada em qualidade e diversificação.
Com base na análise de fundamentos, cenário macroeconômico e projeções de mercado, selecionamos três ações que se destacam pela solidez, potencial de valorização ou geração consistente de renda. A combinação entre empresas brasileiras e internacionais permite ao investidor diversificar riscos, equilibrar o portfólio e posicionar-se estrategicamente para o segundo semestre de 2025. A seguir, detalhamos os principais destaques de cada uma delas:
Em 2025, a ação mostra forte valorização, começou o ano cotada na faixa de R$26-27 e subiu para cerca de R$37 em junho, acumulando alta em torno de 30% no período. Esse bom desempenho reflete resultados acima do esperado: no 1º trimestre de 2025, o Itaú lucrou R$11,1 bilhões (crescimento de ~13,9% ano/ano), mantendo um ROE robusto de ~21%. Os números “muito fortes” e a geração de capital significativa levaram analistas do BTG Pactual a reafirmarem o Itaú como “uma das melhores ações do Brasil, especialmente ajustada por risco e volatilidade”.
Mesmo após a alta recente (o que limita um pouco o upside no curto prazo segundo o BTG), o Itaú permanece atrativo pelos fundamentos e pelo cenário macro em evolução.
O Itaú mantém qualidade superior da carteira, com menor exposição a segmentos de maior risco de calote, o que lhe dá resiliência. Além disso, continua sendo um dos principais destinos do investidor estrangeiro, fluxos que têm privilegiado bancos grandes e eficientes, vistos como apostas seguras no Brasil.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.
A casa Genial Investimentos projeta que o Itaú deverá aumentar o lucro em ~12% em 2025, alcançando cerca de R$46 bilhões, indicando crescimento sólido mesmo após um 2024 forte. A ação também negocia a múltiplos moderados (P/L em torno de 9-10), compatível com seu crescimento e bem abaixo de mercados desenvolvidos, o que sugere espaço para valorização adicional.
Por fim, o banco anunciou distribuições robustas aos acionistas (inclusive JCP e dividendos trimestrais), yield atual em torno de 7-8% ao ano, acima da média histórica, uma remuneração atrativa sustentada por lucros crescentes.
Indicada para o investidor de perfil moderado, que busca equilíbrio entre segurança e crescimento. Itaú oferece baixa volatilidade relativa (setor financeiro tradicional e defensivo) e pagamentos de dividendos regulares, adequados a quem deseja renda passiva. Ao mesmo tempo, ainda apresenta potencial de valorização com a melhora do ciclo econômico doméstico. Em suma, é uma blue chip brasileira de qualidade, apropriada para compor o núcleo de uma carteira de longo prazo, dando estabilidade frente a ativos mais arriscados.
As ações da Alphabet vêm de forte valorização nos últimos trimestres, embaladas pelo otimismo em torno de tecnologia e IA. Nos 12 meses até meados de 2024, o papel subiu +52%, figurando entre os destaques das carteiras internacionais recomendadas. Em 2025, após atingir máxima histórica em fevereiro (US$205), houve alguma realização de lucros (a ação estava em ~US$178 no final de junho, cerca de 5% abaixo do início do ano).
Essa correção moderada reflete fatores macro (alta de juros no 1º tri freou um pouco as techs), mas os fundamentos continuam robustos: no 1T25 a Alphabet reportou lucro recorde e crescimento de 12% na receita, superando previsões. Importante, a empresa iniciou pagamento de dividendos recentemente, embora modesto (~0,5% ao ano), sinaliza confiança na geração de caixa futura, além das recompras bilionárias em curso (US$15,7 bi em ações no trimestre).
A Alphabet se destaca por combinar negócio maduro e caixa estável com vetores fortes de crescimento. A tese de investimento permanece ancorada em sua liderança em buscas online, que sustenta a maior fatia de receita e lucros. Mesmo com a competição de novas IA generativas, o Google mantém enorme moat (barreira de mercado) graças à base de usuários e anunciantes.
Além disso, a empresa investe pesado em inteligência artificial e machine learning para aprimorar produtos, o que inclui a recente incorporação do Bard (IA generativa) ao seu mecanismo de busca e ferramentas como o Google Workspace. Outra frente promissora é o Google Cloud, cuja receita cresceu ~28% no último ano; apesar de ainda representar menos de 10% do faturamento, o segmento vem ganhando participação e já mostrou primeiro lucro operacional em 2024.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.
Analistas veem a Alphabet bem posicionada para se beneficiar do boom de IA: seja pelo lado de infraestruturas em nuvem para treinar modelos, seja aplicando IA nos seus serviços (busca, assistentes) e monetizando novos recursos. A expectativa consensual é de lucro em alta de ~17% em 2025, com aceleração dos resultados no segundo semestre deste ano à medida que a economia global se ajusta e os custos com data centers se diluem.
Mesmo após a recente valorização, o papel negocia a um P/L em torno de 20x, nível razoável frente ao crescimento esperado (o PEG ratio está próximo de 1, indicando valuation justo). Dito isso, a Alphabet oferece também relativa segurança dentro do setor tech: balanço sólido (caixa líquido expressivo) e diversificação de receitas (busca, YouTube, nuvem, Android etc.), funcionando quase como uma “Big Tech blue chip”.
É recomendada para investidores com foco em crescimento de longo prazo, dispostos a assumir maior exposição internacional e setorial em tecnologia. O perfil indicado é de moderado a arrojado, pois apesar da solidez da Alphabet, ações de tecnologia podem ter volatilidade maior no curto prazo.
Quem busca aproveitar tendências globais de inovação (IA, computação em nuvem, digitalização) encontrará na Alphabet uma participação dominante nesses temas, com risco bem menor do que startups puras de IA.
A baixa distribuição de dividendos indica que o ganho esperado vem principalmente da valorização do capital. Em suma, para o investidor brasileiro, ter Alphabet (via BDR ou conta no exterior) é uma forma de diversificar geografias e capturar o potencial das big techs americanas, equilibrando a carteira doméstica.
Vale lembrar que, dado seu tamanho, a ação tende a responder também a fatores macro globais (taxa de juros dos EUA, regulação antitruste, etc.), mas a visão para 2025 continua positiva graças à posição de liderança da empresa e ao cenário de possível alívio monetário nos EUA.
Em 2023, as ações PETR4 já tinham subido bem (+38%), mas em 2025 estão mais voláteis. Após atingirem máxima de ~R$36,75 em fevereiro (quando o petróleo Brent estava acima de US$80), os papéis recuaram para a casa dos R$30-32 em junho, acumulando leve baixa no ano.
Essa correção reflete principalmente a queda do preço do petróleo no segundo trimestre, o Brent chegou a ~US$64 em abril com temores de recessão global e fim de conflitos no Oriente Médio, pressionando as petrolíferas. Ainda assim, a Petrobras surpreendeu positivamente no resultado: no 1º trimestre de 2025 entregou lucro líquido de R$35,2 bilhões, um salto de +48,6% sobre 1T24 e acima do esperado, graças à alta do dólar e eficiência operacional.
Esse lucro robusto permitiu aprovar R$11,7 bilhões em dividendos/JCP referentes ao trimestre. Ou seja, mesmo com cotações oscilando, os fundamentos permaneceram fortes no curto prazo, e o mercado parece precificar um cenário excessivamente pessimista, dada a atual relação P/L em torno de 8x, bem abaixo da média histórica.
A Petrobras desponta como opção de valor e dividendos. A ação está barata em termos relativos, sendo negociada com desconto tanto frente a petroleiras internacionais quanto ao seu próprio histórico, de acordo com analistas do Safra.
Esses especialistas destacam que os resultados devem se manter robustos no curto/médio prazo e a empresa continuará com alta capacidade de distribuição de dividendos graças ao caixa sólido. De fato, mesmo assumindo um petróleo moderado (~US$65/barril), projeções indicam um dividend yield na faixa de 9% a 14% ao ano para 2025, patamar muito acima da média do mercado.
Ou seja, o investidor é remunerado para esperar. Além dos proventos gordos, há potencial de valorização do preço: algumas casas veem espaço para recuperação da ação rumo a R$40+. O BTG Pactual, por exemplo, recomenda compra de Petrobras com preço-alvo de R$44, enfatizando que não é hora de pânico com oscilações de curto prazo e sim de focar no valor de médio/longo prazo dos ativos.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.
Entre os fatores que podem destravar valor estão possíveis ajustes na política de preços de combustíveis (buscando preservar margens), vendas de participações não-estratégicas (refinarias, por ex.) e ganhos de eficiência com a nova gestão. Importante mencionar que a empresa reduziu bastante a alavancagem nos últimos anos, a dívida líquida/EBITDA encerrou 2024 abaixo de 1,5x, dando espaço para manter dividendos elevados sem comprometer investimentos.
Por falar em investimentos, a Petrobras continua focada em projetos rentáveis no pré-sal (Búzios, Atapu, etc.), o que sustenta a produção futura em trajetória ascendente nos próximos anos. Em resumo, ao preço atual (~R$31), o mercado parece precificar um cenário de petróleo muito fraco e riscos políticos, mas qualquer estabilização do petróleo em patamares médios ou sinais de governança equilibrada podem levar a uma reprecificação positiva da ação.
Petrobras é indicada para investidores de perfil moderado, aqueles que toleram riscos de mercado e políticos em troca de alto retorno potencial. É ideal para quem busca renda passiva elevada, já que os dividendos da estatal estão entre os maiores da bolsa (podendo superar 1% ao mês em alguns trimestres).
No entanto, é preciso ter estômago para volatilidade: eventos como variações no preço do petróleo, interferências do governo em preços ou mudanças regulatórias podem trazer solavancos na cotação. Portanto, encaixa-se melhor a portfólios diversificados, como componente de valor e dividendos, equilibrando-se com ações defensivas.
Para o investidor brasileiro que já possui posição em setores internos (financeiro, varejo, etc.), Petrobras adiciona exposição a commodities globais e hedge cambial indireto (já que a receita é dolarizada).
Em síntese, PETR4 pode funcionar como uma geradora de caixa robusta dentro da carteira, pagando gordos proventos e com chance de ganho de capital se o mercado reconhecer seus fundamentos, contanto que o investidor esteja ciente dos riscos envolvidos.
A tabela a seguir resume os principais indicadores das 3 ações selecionadas, para efeito de comparação:
Itaú Unibanco (ITUB4) | R$ 36,30 | 9,8x | 7,5% | R$ 369,5 bi | +11,9% lucro em 2025 | ||||||
Alphabet (GOOGL) | US$ 178,00 | 19,9x | 0,5% | US$ 2,16 tri | +17% lucro em 2025 | ||||||
Petrobras (PETR4) | R$ 31,30 | 8,4x | 12% | R$ 421,8 bi | +40% potencial (preço-alvo) |
Ação | Preço (30/06/2025) | P/L (últ12m) | Dividend Yield | Valor de Mercado | Projeção de Crescimento |
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Itaú Unibanco (ITUB4) | R$ 36,30 | 9,8x | 7,5% | R$ 369,5 bi | +11,9% lucro em 2025 |
Alphabet (GOOGL) | US$ 178,00 | 19,9x | 0,5% | US$ 2,16 tri | +17% lucro em 2025 |
Petrobras (PETR4) | R$ 31,30 | 8,4x | 12% | R$ 421,8 bi | +40% potencial (preço-alvo) |
Para escolher as ações, utilizamos os seguintes critérios principais:
Com base nesses critérios, chegamos às três recomendações a seguir, cada uma de um setor distinto e papel complementar na carteira.
As três ações recomendadas: Itaú, Alphabet e Petrobras, oferecem uma combinação estratégica para o investidor brasileiro neste meio de 2025. Itaú Unibanco aporta estabilidade e renda, sustentado por fundamentos sólidos no mercado doméstico e preparado para um ciclo econômico mais benigno. Alphabet traz diversificação geográfica e exposição ao crescimento tecnológico global, aproveitando tendências de longo prazo em IA e computação em nuvem. Petrobras, por sua vez, acrescenta um componente de valor atrelado a commodities, com potencial de ganhos expressivos tanto via dividendos quanto por recuperação cíclica.
Em conjunto, essas ações se complementam ao diluir riscos: estão distribuídas em setores diferentes (finanças, tecnologia, energia) e em diferentes moedas/regiões, equilibrando o portfólio. Enquanto o Itaú e a Petrobras têm beta mais alinhado ao Brasil (beneficiando-se de juros internos menores e da entrada de estrangeiros na B3), a Alphabet depende mais do cenário macro dos EUA e do avanço tecnológico, o que proporciona diversificação.
Além disso, há um balanço entre yield e growth: os generosos dividendos de Petrobras (e os razoáveis do Itaú) podem gerar caixa periódico ao investidor, ao passo que o potencial de apreciação de Alphabet (e do próprio Itaú) impulsiona o ganho de capital.
Montar a carteira com esses três papéis, portanto, une o melhor de dois mundos: renda e crescimento, Brasil e exterior, defesa e agressividade moderada, adequando-se à máxima da alocação inteligente: não colocar todos os ovos na mesma cesta. Com disciplina e visão de longo prazo, o investidor brasileiro pode se beneficiar da sinergia dessa seleção, preparando-se para atravessar 2025 com uma carteira mais robusta e diversificada.
Disclaimer: Esta seleção considera informações disponíveis até junho/2025 e cenários projetados, podendo sofrer alterações conforme as condições de mercado. Recomenda-se avaliação individual de perfil de risco e, se possível, consulta a um profissional antes de investir. Cada uma das ações mencionadas envolve riscos próprios (setoriais e de mercado) que devem ser ponderados.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.