ETFs
Neste mundinho, os buybacks ou recompra de ações se tornaram uma estratégia chave para muitas empresas, especialmente em mercados desenvolvidos como EUA e Europa. A prática de uma empresa recomprar suas próprias ações do mercado é conhecida como "canibalização de ações", um termo frequentemente utilizado por Charlie Munger ou Mohnish Pabrai.
Esta ação refere-se à redução da quantidade de ações disponíveis e aumenta o percentual de propriedade dos acionistas existentes. Este fenômeno deu origem a ETFs especializados em empresas que realizam recompras agressivas, conhecidos como ETFs de buybacks.
A importância desses ETFs reside na sua capacidade de capturar o crescimento de empresas que implementam recompras constantes, o que pode se traduzir numa maior rentabilidade para os investidores a longo prazo. Historicamente, esses ETFs têm demonstrado um comportamento mais estável durante mercados em baixa em comparação com os ETFs de índices tradicionais.
Os buybacks são o processo pelo qual uma empresa recompra as suas próprias ações no mercado. Isso é feito por diversas razões, entre elas:
Os buybacks existem há décadas, mas nos últimos anos ganharam maior relevância devido ao crescimento do mercado de ações e à preferência das empresas por essa estratégia, em vez de distribuir dividendos.
De acordo com S&P Dow Jones, as recompras superaram os dividendos como o principal método de distribuição de capital nos EUA desde 1997.
Isso se deve em grande parte à flexibilidade que as recompras oferecem em comparação com os dividendos tradicionais, que geram um compromisso recorrente por parte das empresas.
Além disso, os buybacks podem ser utilizados de maneira estratégica em diferentes ambientes de mercado. Por exemplo, em momentos de crise financeira, as empresas com balanços sólidos podem utilizar sua liquidez para recomprar ações a preços baixos, obtendo benefícios a longo prazo quando os preços se recuperam.
Segundo um estudo da S&P Global sobre os índices de buybacks, as empresas com programas de recompra têm mostrado melhores retornos em mercados de baixa e um desempenho superior no longo prazo. Por exemplo, o S&P 500 Buyback Index superou o S&P 500 em 16 dos últimos 20 anos.
A seguir, listo alguns dos melhores ETFs disponíveis no Brasil com esta estratégia:
O Invesco Global Buyback Achievers UCITS ETF (BBCK) replica o NASDAQ Global Buyback Achievers Index, composto por empresas que reduziram sua quantidade de ações em circulação em pelo menos 5% nos últimos 12 meses.
O ETF oferece uma diversificação global, com uma notável exposição aos Estados Unidos, que representa aproximadamente 62% de seus investimentos, seguido pelo Reino Unido com 13% e a Eurozona com 10%.
Em termos setoriais, as principais ponderações incluem serviços financeiros (21.36%), consumo cíclico (20.58%) e energia (16.77%). Estas são suas principais posições:
Nome | Peso (%) |
Shell | 4.93 |
Johnson & Johnson | 4.62 |
Alibaba | 3.88 |
Booking | 3.87 |
Total | 3.53 |
Comcast 'A' | 3.36 |
Fiserv | 2.58 |
Lockheed Martin | 2.55 |
T-Mobile US | 2.50 |
Deere | 2.50 |
Este foi o desempenho histórico do Invesco Global Buyback Achievers UCITS ETF:
Período | Rentabilidade |
1 ano | 23.87% |
3 anos | 40.24% |
5 anos | 73.84% |
O Invesco Global Buyback Achievers UCITS ETF se apresenta como uma opção atraente para investidores que buscam exposição a empresas globais comprometidas com a recompra de ações. Replica um índice que seleciona companhias com históricos de buybacks, o que pode ser interpretado como um indicativo de solidez e disciplina financeira.
Sua exposição é distribuída em diferentes setores e regiões, oferecendo uma diversificação que equilibra oportunidades de crescimento e gestão de risco.
Em resumo, é uma opção interessante para aqueles que valorizam o retorno de capital por meio de buybacks e buscam aproveitar tendências globais, embora devam levar em conta a dependência do desempenho do índice de referência e a volatilidade inerente aos mercados internacionais.
Os ETFs de empresas canibais representam uma estratégia interessante para investidores que buscam adicionar um fator diferente aos tradicionais como o value ou smallcaps, e assim capitalizar sobre a eficiência financeira das recompras de ações. No entanto, é fundamental considerar os riscos associados e avaliar se essa estratégia se encaixa com a filosofia de investimento do portfólio e nosso perfil.
É importante destacar que, embora o ETF ofereça exposição a empresas com políticas ativas de recompra de ações, seu foco setorial e geográfico pode influenciar seu desempenho em diferentes condições de mercado. No passado recente, o mercado americano teve um bom desempenho e superou o resto do mundo, mas se ocorrer uma reversão à média, não é 100% seguro que esse tipo de estratégia continue se saindo melhor do que algo mais diversificado como o MSCI World ou ACWI.
Além disso, a prática de recompras pode ser interpretada de diversas maneiras; enquanto alguns investidores a veem como um sinal de confiança por parte da empresa, outros podem considerá-la uma falta de oportunidades de investimento interno. Isso nos diz que muitas das posições na carteira do ETF não são empresas de crescimento.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.