Bolsa
As decisões de política monetária do Federal Reserve (FED), o banco central dos Estados Unidos, exercem forte influência sobre os mercados financeiros globais, e a bolsa brasileira não escapa desse efeito. Seja pela definição da taxa de juros básica da maior economia do mundo, seja pelas sinalizações sobre a trajetória futura dessa taxa, investidores ao redor do planeta ajustam suas posições em função dos movimentos do FED.
No Brasil, esse impacto se manifesta na renda variável, nos juros futuros e no câmbio, afetando diretamente o desempenho do Ibovespa.
A taxa de juros básica dos EUA, chamada Fed Funds Rate, é definida pelo FOMC, o equivalente ao Copom no Brasil.
👉 O que é a FED e como funciona?
As decisões do FED podem afetar os mercados brasileiros de várias maneiras:
Juros mais altos nos EUA tornam os títulos do Tesouro americano (Treasuries) mais atrativos. Isso provoca uma realocação de capitais, com investidores internacionais preferindo ativos considerados mais seguros e rentáveis. Esse movimento reduz a atratividade de ativos de maior risco, como ações, especialmente em países emergentes como o Brasil. Em contrapartida, quando o FED sinaliza cortes de juros, aumenta o apetite global por risco, favorecendo as bolsas.
A expectativa atual do mercado é que o FED comece a cortar juros em 2025, com junho sendo o mês mais provável para o início do ciclo de afrouxamento, segundo o CME FED. A aposta majoritária é de dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, totalizando 0,5 ponto percentual. No entanto, incertezas geopolíticas, como tarifas comerciais impostas pelos EUA, e inflação ainda acima da meta de 2% podem adiar esse processo. Atualmente, a taxa de juros americana situa-se na faixa de 4,25%-4,5%, após a reunião do FOMC no último dia 20 de março.
No Brasil, a política monetária do FED influencia diretamente três canais principais: juros, câmbio e mercado acionário.
No mercado financeiro, as expectativas são quase tão importantes quanto os fatos concretos. A forma como o FED comunica suas intenções futuras, seja por meio de discursos do presidente da instituição ou das atas das reuniões, influencia as apostas dos agentes econômicos. Quando há sinalizações de que os juros podem cair, há um movimento antecipado de compra de ações e venda de títulos. E o contrário também é verdadeiro.
Esse comportamento já pode ser observado na precificação da curva de juros brasileira. Com as decisões recentes do FED e o cenário fiscal ainda incerto no Brasil, o mercado começou a revisar para cima as projeções para a Selic para o final de 2025.
Para quem investe no Brasil, entender os desdobramentos da política monetária americana é essencial. Acompanhar:
São passos fundamentais para avaliar os riscos e oportunidades no mercado de ações e de renda fixa.
Em um ambiente onde os juros internacionais seguem elevados e o ciclo de cortes no Brasil tende a ser mais tímido, a volatilidade deve marcar presença no segundo semestre de 2025, exigindo mais cautela e análise do investidor.
Cenário | Juro Brasileiro (SELIC) | Câmbio (USD/BRL) | Bolsa Brasileira (IBOVESPA) | ||||
Se os EUA reduzem a taxa de juros | Pode cair mais, abre espaço para cortes na SELIC | Real tende a se valorizar (Dólar mais fraco relativamente) | Tendência de alta (maior apetite por risco) | ||||
Se os EUA aumentam a taxa de juros | Pode subir ou cair menos, por causa da pressão inflacionária e cambial | Real tende a se desvalorizar (Dólar mais forte) | Tendência de queda (mais aversão ao risco e maior custo de capital) |
Com a perspectiva de corte na Fed Funds Rate em 2025, alguns ativos voltam ao radar dos investidores que buscam maior exposição ao risco.
O cenário ainda exige cautela, mas o investidor bem informado consegue antecipar oportunidades e ajustar sua carteira de forma mais estratégica.
O gráfico abaixo mostra a trajetória mais recente da Fed Funds Rate, com cortes iniciando em março de 2025, quando a taxa caiu para 4,5% ao ano. Essa virada de ciclo ocorre após um longo período de manutenção em níveis elevados entre 5,25% e 5,50%, iniciado em 2023.
Esse movimento indica o início de um possível ciclo de afrouxamento monetário nos Estados Unidos — algo que o mercado já vinha antecipando e que pode gerar uma realocação de capitais para ativos de risco, favorecer o real, abrir espaço para cortes na Selic e, consequentemente, beneficiar o Ibovespa.
A continuidade desse ciclo, no entanto, dependerá da trajetória da inflação americana, da resiliência do mercado de trabalho nos EUA e de fatores geopolíticos que ainda geram incertezas.
Gráfico do Juros do FED em 2025:
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.