Indicadores
"Pense na sua última compra no supermercado. Algo mudou no corredor de bebidas? Se a sua resposta for “sim”, você pode estar testemunhando, sem saber, um dos mais curiosos presságios de uma crise econômica.
A verdade é que os preços e as preferências dos consumidores revelam, como um livro aberto, um panorama muito mais amplo do que o de uma simples lista de compras.
Vamos ser honestos. Em fases de vacas gordas, quando o salário parece durar o mês todo e a gente se permite um luxo, a aventura fala mais alto. É a hora de experimentar aquela IPA com lúpulo da Nova Zelândia, a cerveja artesanal com toque de maracujá ou aquela Stout premiada que custa o preço de um lanche. O prazer da descoberta vale cada centavo.
Mas, e quando uma vozinha na sua cabeça começa a sussurrar "será mesmo que preciso disso?".
É aí que a mágica, ou a tragédia, acontece. Sem que nenhum noticiário precise anunciar, nosso comportamento muda. O carrinho de compras, antes um reflexo dos nossos desejos, vira uma calculadora ambulante. A busca pela cerveja perfeita é substituída por uma missão muito mais pragmática: encontrar o melhor custo-benefício por litro.
De repente, o pack de cerveja popular, aquele que sempre esteve lá, mas que você ignorava, parece brilhar na prateleira. A lealdade à microcervejaria local é trocada pela matemática fria do "leve 12, pague 10". Esse fenômeno tem nome, e ele se chama Índice da Cerveja.
Não, você não vai encontrar esse índice no home broker da sua corretora. Ele é um indicador econômico informal, quase uma anedota de mercado, mas com uma precisão assustadora. Ele observa essa migração em massa: a troca da cerveja premium e artesanal, cara e sofisticada, pelo volume da cerveja mais barata e popular.
Quando milhões de pessoas, individualmente e sem combinar, tomam a mesma decisão de "economizar na cervejinha", isso cria um eco poderoso. Um sinal de que a confiança no futuro financeiro está baixa e que as famílias já estão se preparando para tempos mais difíceis, cortando os luxos mais acessíveis.
Poderia ser o chocolate, o vinho ou o corte de carne do churrasco. Mas a cerveja é especial por ser o "pequeno luxo democrático". Ela está presente em quase todas as classes sociais.
Ninguém deixa de comprar arroz e feijão numa crise. E a venda de jatinhos particulares não reflete a realidade da maioria. Mas a cerveja... ah, a cerveja é o termômetro perfeito. É um dos primeiros gastos "supérfluos" que a gente repensa quando o cinto aperta.
A decisão de trocar uma garrafa de R$25 por seis latas pelo mesmo preço não é apenas uma escolha de consumo. É uma declaração silenciosa sobre o medo do desemprego, a preocupação com a inflação e a incerteza sobre o dia de amanhã.
Da próxima vez que estiver no corredor de bebidas, dê uma olhada ao redor. Observe os carrinhos, as escolhas das pessoas. Se notar que os packs promocionais estão sumindo e as prateleiras de artesanais estão empoeiradas, talvez seja um bom momento para revisar suas próprias finanças.
Afinal, antes dos especialistas em ternos caros anunciarem a tempestade, o cidadão comum, com uma calculadora na cabeça e um pack de cerveja na mão, já construiu seu próprio abrigo. E talvez, só talvez, seja hora de escutar o que as garrafas estão tentando nos dizer.
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