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Margem de segurança na Bolsa: guia prático para o Brasil

margem de segurança

Em 1934, Benjamin Graham apresentou um dos conceitos mais influentes da análise fundamentalista: a margem de segurança. Quase um século depois, essa ideia continua atual, especialmente para quem busca investir com disciplina e proteger o capital em tempos de volatilidade.

Como saber se uma ação está realmente barata? O que muda quando o mercado passa a supervalorizar um papel? Neste artigo, vou te mostrar como calcular a margem de segurança, interpretar os números e aplicar essa ferramenta nas suas decisões de investimento, com exemplos práticos em reais.

Exemplo gráfico de margem de segurança
Exemplo gráfico de margem de segurança

O que é a margem de segurança no investimento em ações?

Quando investimos em ações, um dos conceitos mais importantes a considerar é a margem de segurança. Este indicador compara o preço atual de uma ação com seu valor intrínseco, ou seja, com o que realmente vale essa empresa segundo sua situação financeira, sua projeção de receitas e outros fatores fundamentais.

Essa abordagem é muito usada por aqueles que seguem a filosofia do value investing, ou como chamamos em português, o investimento em valor. E quem foi o pai dessa estratégia? Nada menos que Benjamin Graham, autor de dois livros que são leitura obrigatória para qualquer investidor sério: Security Analysis e O Investidor Inteligente. Em ambos, Graham explica como identificar ativos que estão cotando abaixo de seu valor real.

Mas, como se calcula a margem de segurança? Basicamente, trata-se de estimar o valor intrínseco de uma ação e subtrair seu preço no mercado. Se a diferença for ampla, a margem também será. E isso é bom: uma margem de segurança alta te dá uma proteção caso o mercado se mova contra você. Ou seja, você pode suportar quedas no preço sem que isso implique que seu investimento esteja no vermelho.

Em outras palavras, quanto maior for a diferença entre o preço de mercado e o valor real de uma ação, mais tranquilos podemos estar com esse investimento. Mesmo que haja turbulência nos mercados, um preço de cotação abaixo do valor intrínseco pode continuar sendo uma boa oportunidade.

Aqui vem o complicado: estimar o valor intrínseco de uma ação não é fácil. Não existe uma fórmula mágica que nos dê um número exato. O que podemos fazer é uma aproximação razoável, com base na análise de certos indicadores financeiros chave como a solvência, a liquidez ou a rentabilidade do negócio.

Em outras palavras, aqueles que aplicam a abordagem da margem de segurança na bolsa se apoiam em ferramentas de análise fundamental para chegar a uma estimativa o mais precisa possível. É um número exato? Não. Mas bem feito, pode te dar uma ideia muito boa se uma ação está sobrevalorizada ou se representa uma verdadeira pechincha.

Para que realmente serve a margem de segurança?

Ao calcular a margem de segurança, o que buscamos é comparar o preço de mercado com o valor real da ação. Se depois de analisar a empresa você ver que o preço ao qual ela está cotada está abaixo do que deveria valer, então você pode estar diante de uma oportunidade de investimento.

Com base nessa comparação, você vai se deparar com três cenários:

  • A ação está cara: o preço na bolsa está acima do valor intrínseco. Melhor procurar em outro lugar.
  • A ação está bem avaliada: o preço se aproxima bastante do valor real. Aqui já depende da sua tolerância ao risco.
  • A ação está barata: o preço de mercado está abaixo do valor intrínseco. Este é o cenário ideal para os investidores em valor.

Como se calcula a margem de segurança de uma ação?

Uma vez que você tem claro o valor intrínseco e conhece o preço atual no mercado, aplicar a fórmula é muito simples:

Margem de segurança: [1 - (preço de mercado / valor intrínseco)] x 100

Este cálculo te dá um percentual que pode ser positivo ou negativo:

  • Se for positivo, indica que a ação está sendo negociada com um desconto em relação ao seu valor real. Ou seja, existe sim uma margem de segurança.
  • Se for negativo, significa que você está comprando mais caro do que vale. Neste caso, não há margem de segurança.

Exemplo prático para entender a margem de segurança

Para que o conceito fique mais claro, o ideal é colocar em números. Suponha que você está analisando uma ação bem conhecida digamos, da Apple, e no momento ela está sendo negociada a R$150.

Depois de aplicar sua análise fundamentalista, levando em conta indicadores como retorno sobre o patrimônio, fluxo de caixa, crescimento projetado e outros, você conclui que o valor intrínseco da ação deveria ser de R$300.

Com esses dois dados em mãos, agora sim dá pra aplicar a fórmula da margem de segurança:

Margem de segurança: [1 - (150 / 300)] x 100 = 50%

Isso significa que a ação está cotando com um desconto de 50% em relação ao que realmente vale. Em outras palavras, você estaria comprando pela metade do preço, o que representa uma oportunidade interessante, especialmente se você busca se proteger contra movimentos negativos do mercado.

Exemplo gráfico de margem de segurança positivo
Exemplo gráfico de margem de segurança positivo

E o que acontece quando não há margem de segurança?

Agora vejamos o caso contrário. Imaginemos uma ação que atualmente está cotando a R$400 reais, mas depois de analisá-la a fundo, você chega à conclusão de que seu valor intrínseco real é apenas de R$140 reais.

Apliquemos a fórmula novamente:
Margem de segurança = [1 - (400 / 140)] x 100 = -185,71%

O que isso significa? Que não só não há margem de segurança, mas que a ação está supervalorizada em mais de 185%. Ou seja, você estaria pagando muito mais do que a empresa realmente vale segundo sua análise. Esse tipo de situação costuma ser um sinal de alerta para investidores em valor.

Exemplo gráfico de margem de segurança negativo
Exemplo gráfico de margem de segurança negativo
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