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Investir em Commodities no Brasil: Tudo o que você precisa saber

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Investir em commodities tem se tornado uma opção cada vez mais considerada por investidores que buscam diversificação e proteção. Commodities (ou matérias-primas) são produtos básicos de origem primária, como alimentos, minerais e energia, amplamente utilizados na economia global.

Antes de embarcar nesse tipo de investimento, porém, é fundamental entender o que são commodities, como funcionam os mercados de matérias-primas, como investir nelas, quais os riscos e benefícios envolvidos, e quais plataformas usar, entre outros aspectos.

O que são commodities?

Em economia, commodities são mercadorias de caráter essencialmente homogêneo e fungível, ou seja, produtos sem diferenciação significativa de qualidade ou características independente de quem os produz. Isso significa que um barril de petróleo extraído no Brasil é praticamente igual a um barril extraído em outro país, e assim por diante. Para o consumidor, não importa a origem ou marca, apenas o preço diferencia uma commodity de outra equivalente.

Em outras palavras, commodities são matérias-primas básicas usadas como insumos na produção de bens e serviços. O termo commodity vem do inglês e significa literalmente “mercadoria” (no plural, commodities). Exemplos típicos incluem grãos agrícolas (soja, milho, trigo), metais (ouro, ferro, cobre), combustíveis fósseis (petróleo, gás natural, carvão) e até ativos financeiros padronizados (como moedas estrangeiras).

Essas mercadorias possuem baixo grau de industrialização, podendo ser armazenadas por certo tempo sem perda significativa de qualidade. Além disso, muitas commodities são cotadas e negociadas em escala global, com seus preços determinados principalmente pela oferta e demanda mundial.

Características principais das commodities incluem: baixa diferenciação (produtos equivalentes independentemente do produtor), padronização de qualidade, alta liquidez de mercado (negociadas em grande volume globalmente) e preços voláteis sujeitos a fatores externos como clima, políticas e economia.

Por essa natureza, costuma-se dizer que o mercado de commodities se aproxima de um modelo de concorrência perfeita, pois cada produtor é um tomador de preços, nenhum produtor individual consegue influenciar o preço de mercado, que é definido pela oferta e demanda global.

Por que investir em commodities? Vantagens e riscos

Investir em commodities pode oferecer benefícios estratégicos ao investidor. Apesar das vantagens, é crucial entender que investir em commodities envolve riscos consideráveis.

Vantagens de investir em commodities

  • Diversificação de carteira: Commodities costumam ter correlação baixa com ativos tradicionais como ações e títulos.
  • Proteção contra inflação: Matérias-primas físicas tendem a manter seu valor real ao longo do tempo.
  • Demanda global em crescimento: Muitas commodities são essenciais para o desenvolvimento econômico, energia, alimentos, materiais de construção, etc.
  • Mercado de escala global: Por serem negociadas internacionalmente, commodities oferecem exposição a tendências globais.
  • Alto potencial de retorno em ciclos de alta: As commodities passam por ciclos de preços. Em “superciclos” de commodities, períodos de alta prolongada nos preços devido a forte demanda ou oferta restrita, os investidores podem obter retornos substanciais.

Riscos de investir em commodities

  • Alta volatilidade de preços: Os mercados de commodities são conhecidos por sua oscilação intensa e rápida.
  • Falta de geração de renda: Diferentemente de uma empresa, que gera lucros, ou de um título, que paga juros, uma commodity em si não produz fluxo de caixa ou dividendos.
  • Risco de desconhecimento: Investir em commodities requer entender como funcionam esses mercados específicos.
  • Influências climáticas e sazonais: No caso de commodities agrícolas e pecuárias, fatores climáticos podem afetar drasticamente a oferta.
  • Alavancagem e especulação excessiva: Muitos investidores acessam commodities via mercados futuros ou produtos alavancados (como CFDs), onde é possível movimentar valores muito maiores que o capital investido.

Vale notar que a principal razão para incluir commodities na carteira é a convicção de que determinado produto irá se valorizar no futuro, seja por condições do ciclo econômico, por fundamentos de oferta e demanda ou por eventos extraordinários (por exemplo, conflitos afetando a oferta de petróleo). O investimento em commodities carrega riscos elevados e não deve ser feito sem estudo. Antes de investir, avalie seu perfil de risco, horizonte de tempo e conhecimento do mercado.

Como funcionam os mercados de commodities?

Os mercados de commodities englobam as formas e locais onde essas matérias-primas são negociadas. Em geral, as commodities podem ser comercializadas de duas maneiras: no mercado à vista (spot) ou no mercado futuro.

  • Mercado à vista (spot): É a negociação imediata da commodity, pela cotação atual. A compra e venda ocorrem com liquidação física ou financeira em curto prazo, refletindo as condições presentes de oferta e demanda. Esse é o modo mais simples: por exemplo, um produtor vende sua colheita de soja hoje pelo preço de mercado de hoje, entregando a soja e recebendo o pagamento de imediato. O mercado spot é comum para produtores e consumidores que precisam negociar a commodity para uso imediato.
  • Mercado futuro: É onde se negociam contratos para compra ou venda futura de uma commodity, a um preço preestabelecido hoje. Ou seja, as partes travam hoje o preço de determinada quantidade de produto para entrega em uma data futura. Os contratos futuros padronizam volume, qualidade, data e local de entrega, funcionando tanto como hedge (proteção) quanto para especulação.

👉 Diferença entre mercados à vista e mercados futuros

  • Formação de preços: Diferentemente de ações, o preço das commodities é definido primordialmente pela oferta e demanda global pelo produto. Como vimos, não há diferenciação significativa de qualidade ou marca, então o mercado estabelece um preço único para cada commodity, vigente internacionalmente (considerando ajustes de frete e qualidade, quando aplicável).
  • Principais bolsas de commodities: As commodities são negociadas em bolsas especializadas no mundo todo. No Brasil, a B3 (Bolsa de Valores brasileira) também opera mercado futuro de commodities, com contratos de produtos agrícolas (soja, milho, café, boi gordo, açúcar), metais (ouro) e energéticos (etanol) disponíveis para negociação. Para acessar esses mercados, o investidor precisa de conta em corretoras autorizadas pela CVM, por meio das quais envia ordens de compra/venda de contratos ou ativos relacionados.

Em resumo, os mercados de commodities funcionam de maneira similar a outros mercados financeiros, mas com suas especificidades. Eles conectam produtores, consumidores e investidores do mundo todo e refletem em tempo real as expectativas sobre produção, consumo e estoque dessas mercadorias essenciais. Entender esse funcionamento, especialmente no caso dos contratos futuros, é parte fundamental para quem deseja investir nesse segmento.

Quais commodities podem ser negociadas na bolsa?

Há uma grande variedade de commodities negociáveis em bolsa, abrangendo diferentes setores. De forma geral, podemos agrupar as commodities em algumas categorias principais, com exemplos de cada uma:

  • Commodities agrícolas: incluem produtos do agronegócio e pecuária. Exemplos: grãos como soja, milho, trigo; café, açúcar, algodão; cacau; e commodities pecuárias como boi gordo (gado de corte) e suíno. São itens essenciais para alimentação e indústria alimentícia, frequentemente negociados em bolsas de futuros (por exemplo, contratos de soja e milho na B3, ou boi gordo) e mercados internacionais de commodities agrícolas.
  • Commodities minerais e metais: englobam recursos extraídos da mineração e metais de importância industrial ou financeira. Exemplos: minério de ferro, cobre, níquel, lítio, além de metais preciosos como ouro, prata, platina e paládio.
  • Commodities energéticas: são fontes de energia, renováveis ou não. Os principais são os combustíveis fósseis, petróleo bruto (com destaque para os tipos de referência como Brent e WTI), gás natural e carvão mineral, e também commodities de energia elétrica (como créditos de eletricidade em alguns mercados) e biocombustíveis (etanol, biodiesel).
  • Commodities ambientais: uma categoria emergente relacionada a ativos vinculados à sustentabilidade e meio ambiente.
  • Commodities financeiras: aqui entramos em ativos padronizados financeiros que funcionam como commodities nos mercados. São moedas estrangeiras (dólar, euro etc.), títulos de dívida padrão (como títulos do Tesouro) e índices financeiros que servem como referência global.

Naturalmente, dentro de cada categoria acima, existem mercadorias de destaque. No Brasil, em particular, algumas commodities têm peso enorme na economia e são amplamente negociadas.

Como investir em commodities?

Depois de entender o que são commodities e suas dinâmicas, a próxima pergunta é: “commodities: como investir nelas na prática?” Há diversas formas de acesso a esse mercado, algumas diretas, outras indiretas, adequadas a diferentes perfis. As principais maneiras de investir em commodities incluem:

  • Compra física da commodity: É a forma mais direta, embora menos prática para a maioria dos casos. Consiste em adquirir a commodity em si e armazená-la. Isso é comum somente para certos produtos duráveis, como metais preciosos.
  • Ações de empresas de commodities: Uma maneira simples e popular de obter exposição é investir em empresas ligadas a commodities. Isso inclui ações de mineradoras, petrolíferas, siderúrgicas, empresas agrícolas, produtoras de celulose, etc.
  • Contratos futuros e derivativos: Para quem deseja investir diretamente no preço da commodity, os contratos futuros são a principal via. Como descrito antes, você pode comprar ou vender contratos padronizados de uma commodity na bolsa, especulando sobre sua alta ou baixa. No Brasil, é possível operar futuros de commodities na B3 (como boi gordo, milho, café, ouro, etc.) através de corretoras autorizadas. No exterior, há ainda mais variedade (petróleo Brent/WTI, cobre, trigo, etc., negociados em bolsas como CME/NYMEX, ICE, etc.).
  • ETFs e fundos de commodities: Uma forma indireta e bem acessível de investir em commodities é via ETF (Exchange Traded Fund) ou fundos de investimento focados no setor. ETFs de commodities são negociados em bolsa como ações e podem replicar o preço de uma commodity específica ou de um índice de várias commodities.

Além dessas, há fundos de investimento tradicionais (fundos de commodities ou multimercados) geridos por profissionais, que alocam em commodities via derivativos ou ativos relacionados. Esses fundos podem ser interessantes para quem prefere delegar as decisões a um gestor, embora costumem exigir aplicação mínima maior e cobrar taxas de administração e performance.

Em resumo, as formas de investimento em commodities vão do tangível ao totalmente financeiro. Se você busca simplicidade e menor risco operacional, ações e ETFs podem ser boas portas de entrada. Se deseja replicar fielmente o comportamento da commodity e aceita a complexidade, futuros e derivativos dão acesso direto. E, para fins de patrimônio de longo prazo, comprar ouro físico ou outros metais preciosos pode ser visto como reserva de valor, embora com a devida cautela de custódia.

Melhores plataformas para negociar commodities

Para investir em commodities com eficiência, é essencial escolher boas plataformas de negociação. A melhor plataforma de negociação de commodities vai depender do tipo de investimento que você deseja fazer e do mercado (local ou internacional) que pretende acessar. Eis algumas dicas e opções de plataformas/corretoras:

  • Corretoras nacionais (B3): Se o objetivo for negociar contratos futuros de commodities ou ETFs listados na bolsa brasileira, procure uma corretora nacional confiável, registrada na CVM. Muitas corretoras disponibilizam plataformas Home Broker ou apps integrados para facilitar as ordens.
  • Plataformas internacionais multiativos: Para quem quer investir em commodities no exterior (como contratos globais de petróleo Brent, ouro em Nova York, etc.), ou via produtos alavancados como CFDs, existem corretoras internacionais com plataformas robustas.
  • Facilidade e ferramentas: Avalie recursos adicionais da plataforma. Algumas oferecem conta demo, por exemplo, muitas plataformas de CFD e corretoras internacionais possuem modo de simulação, o que é excelente para praticar negociação de commodities sem arriscar dinheiro real.
  • Custos e execução: Commodities frequentemente envolvem negociar volumes grandes (por exemplo, 450 sacas de café por contrato na B3, ou 100 onças troy por contrato de ouro em NY). Assim, custos de transação importam. Compare as taxas de corretagem, spreads (no caso de CFDs) e margens requeridas. Uma plataforma com custos menores e boa velocidade de execução vai melhorar sua eficiência na negociação.

Em suma, não existe uma única “melhor plataforma” universal, existe a mais adequada para você. O importante é que seja uma instituição confiável, com boa reputação, e que atenda às suas necessidades de acesso aos mercados de commodities desejados.

Dicas práticas para investir em commodities

Por fim, reunimos algumas dicas práticas e recomendações para quem deseja começar a investir em commodities de forma segura e consciente:

  • Conheça o mercado da commodity de interesse: Antes de investir em qualquer commodity, estude os fundamentos que influenciam sua oferta e demanda. Entenda os drivers de preço.
  • Avalie seu perfil de risco e horizonte de investimento: Commodities podem oscilar muito no curto prazo. Se você tem um perfil conservador ou moderado, considere ganhar exposição via fundos ou ações, em vez de contratos futuros alavancados. Já investidores arrojados, dispostos a assumir riscos e que entendem volatilidade, podem destinar uma parcela limitada do portfólio para operações diretas com commodities.
  • Diversifique dentro de commodities: Assim como em ações se recomenda diversificar setores, com commodities vale a pena diversificar tipos. Não coloque tudo em ouro ou só em petróleo. Uma carteira de commodities pode incluir um mix de metais preciosos, uma commodity agrícola e talvez energia, reduzindo a dependência de um único mercado.
  • Comece com produtos mais simples: Se você está iniciando, talvez seja mais didático começar investindo através de ETF de commodities ou ações de empresas do setor, ao invés de pular direto para futuros alavancados.
  • Acompanhe notícias e esteja atualizado: Os mercados de matérias-primas são altamente influenciados por notícias globais em tempo real. Uma mudança em políticas de exportação de um país, tensões geopolíticas, descobertas de novas reservas ou avanços tecnológicos (como novos métodos de extração) podem mudar expectativas rapidamente.
  • Cuidado com a alavancagem: Reforçando, use alavancagem com parcimônia, se usar. Muitos iniciantes são seduzidos pela possibilidade de multiplicar ganhos operando futuros ou CFDs, mas esqueça que pode multiplicar perdas na mesma proporção.
  • Utilize contas demo e simulações: Várias plataformas oferecem conta demo gratuita. Aproveite para treinar estratégias de investimento em commodities sem arriscar dinheiro real.
  • Tenha um plano e disciplina: Defina previamente sua estratégia ao entrar em commodities. Você está buscando proteger parte do patrimônio (hedge)? Está especulando visando lucro rápido com alguma informação que possui? Ou aposta em uma tese de longo prazo (ex: aumento da demanda de metais para baterias elétricas)?

Seguindo essas dicas, você estará mais preparado para navegar no mundo das commodities. Lembre-se de que, embora seja um mercado dinâmico e cheio de oportunidades, investir em commodities exige conhecimento e prudência.

Comece devagar, aprenda com a experiência e, se possível, troque ideias com outros investidores ou especialistas. Assim, você poderá aproveitar o potencial das commodities na sua carteira de forma consciente, buscando o equilíbrio entre risco e retorno.

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