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Como escolher um ETF com base na estratégia

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Cada vez mais ofertas de ETFs estão disponíveis no mercado e essa variedade às vezes dificulta nossas decisões na hora de escolher um ETF. Devido a isso, neste artigo vamos te ensinar como escolher um ETF e quais fatores você deve levar em consideração.

Primeiro, é preciso entender que um ETF (Exchange Traded Fund) é uma espécie de mistura entre uma ação e um fundo de investimento: por um lado, te dá acesso a uma cesta de ativos diversificados, e por outro, você pode comprá-lo ou vendê-lo a qualquer momento durante o pregão, como se fosse uma ação comum.

Em geral, quando falamos de ETFs, estamos nos referindo aos chamados ETPs (Exchange Traded Products), que agrupam diferentes tipos de instrumentos que são negociados em bolsa, como os ETFs tradicionais, ETNs e outros veículos similares.

Antes de buscar o melhor ETF... defina sua estratégia

É aqui que muitas pessoas falham: começam pelo produto, não pela estratégia. Qual é o problema? Que sem uma metodologia clara, acabam tomando decisões baseadas em palpites ou em conselhos isolados que não necessariamente se adaptam ao seu perfil.

Uma estratégia de investimento em ETFs sólida deve cumprir três critérios:

  1. Histórico comprovado (idealmente com backtesting confiável).
  2. Regras claras que você possa replicar facilmente.
  3. Compatibilidade com seu perfil de risco, horizonte de investimento e objetivos.

E atenção a isso: risco e volatilidade não são a mesma coisa. Muitas vezes são agrupados, mas na verdade têm implicações diferentes em como seu portfólio vai se comportar em cenários adversos ou incertos.

No final do dia, é sua estratégia que vai definir quais ETFs você deve comprar, quando entrar e quando sair. Sem ela, você está navegando sem bússola.

Que tipo de estratégias posso seguir com ETFs no Brasil?

É fundamental entender que nem todos os ETFs funcionam da mesma forma para cada tipo de estratégia. Aqui explico as mais utilizadas por traders e investidores experientes, e o mais importante, que mostraram bons resultados em backtests reais.

1. Indexação passiva: para quem vai a longo prazo

Se o seu horizonte é de 10 anos ou mais, esta pode ser sua estratégia base. O que você precisa? Três coisas básicas:

👉 Como Criar uma Escada de Renda Fixa com ETFs

O ideal é montar o núcleo do seu portfólio com ETFs que sigam índices globais ou regionais: MSCI World, S&P 500, Nasdaq-100, títulos do governo, etc.

2. Estratégias de rotação: adaptar-se ao ciclo econômico

Essa abordagem tática, muito discutida em nossa comunidade, busca mover o capital entre setores, países ou regiões conforme o ambiente macro. Aqui são usados ETFs setoriais, regionais ou temáticos, como:

  • Tecnologia em crescimento econômico.
  • Energia quando os preços do petróleo sobem.
  • Mercados emergentes quando há fraqueza do dólar.

A chave está em não sobrediversificar e escolher ETFs que se complementem bem entre si.

3. Estratégias de momentum: automação para evitar vieses

Essas estratégias costumam funcionar bem em prazos curtos e médios, mas têm uma condição: é preciso automatizá-las. Por quê? Porque se você tomar decisões discricionárias, o viés emocional te vence.

  • No curto prazo, são usados ETFs que contêm derivativos ou instrumentos alavancados.
  • Para o médio prazo, basta com ETFs tradicionais, mas com regras claras de entrada e saída baseadas em tendência.

4. Estratégias táticas ou tendenciais: quando a análise é tudo

Aqui entramos em terreno mais técnico. Algumas estratégias permitem backtesting confiável, combinando indicadores técnicos como médias móveis, força relativa ou até mesmo pesquisas de sentimento.

Outras se baseiam em fundamentos como:

  • PIB ou inflação de certos países.
  • Políticas de taxas de juros.
  • Resultados corporativos.

Embora você possa usar qualquer tipo de ETF, os mais comuns aqui são:

  • ETFs alavancados
  • ETNs
  • ETFs temáticos (como cibersegurança, cannabis, inteligência artificial)
  • ETFs de commodities ou ETCs

👉 Diferenças entre ETFs, ETCs e ETNs

Cuidado ao misturar produtos de nicho em estratégias passivas

Por mais tentadores que pareçam, os ETFs temáticos ou ultraespecializados não são uma boa ideia para uma carteira passiva. Por quê?

  • Aumentam o risco de retornos aleatórios, difíceis de prever.
  • Exigem mais análise e atenção, porque você precisa saber quando sair.
  • Você pode entrar tarde, quando o hype já foi descontado no preço.

Esse tipo de produto funciona melhor como apostas táticas, não como parte do núcleo do seu portfólio.

Defina seu horizonte temporal antes de investir

Assim como com qualquer outro instrumento financeiro, quando você vai investir em ETFs é fundamental ter claro qual é o seu horizonte temporal, ou seja, quanto tempo você está disposto ou pode deixar seu dinheiro trabalhando com a estratégia que escolheu. Não é a mesma coisa investir pensando em usar esse dinheiro em um ano, do que construir uma carteira para os próximos 15.

Algo que não se diz tanto, mas é muito verdadeiro: a Bolsa é um jogo de probabilidades, não de certezas. E embora pareça lógico, muitos esquecem disso. Você pode ter uma estratégia com uma probabilidade de sucesso de 80%, mas se você só a aplica uma ou duas vezes, pode ter o azar de cair justamente nos 20% restantes. Por isso é crucial poder repetir o “jogo” muitas vezes e, melhor ainda, perguntar-se desde o início quantas vezes você poderá jogá-lo. Isso vai te ajudar a escolher uma estratégia que realmente se adapte à sua situação.

Além disso, é preciso levar em conta fatores muito reais como os custos operacionais, os impostos e o tempo que cada tipo de estratégia exige. Por isso, para a maioria dos investidores brasileiros que buscam crescer seu dinheiro a longo prazo sem tantas complicações, uma carteira indexada passiva bem estruturada costuma ser a melhor opção. É fácil de implementar, tem baixa manutenção e pode ser automatizada. Ideal se o que você quer é deixar que o tempo e o juros compostos façam seu trabalho sem ter que ficar grudado nas notícias do mercado.

Defina seu perfil antes de escolher a estratégia

Além do horizonte de investimento, há duas variáveis que sempre devem estar alinhadas com a estratégia que você escolher: seu perfil de risco e sua tolerância à volatilidade.

O perfil de risco refere-se a quanto você está disposto a aceitar uma perda permanente do seu capital. Não é a mesma coisa ver uma queda temporária no seu portfólio do que saber que uma má decisão poderia deixá-lo sem recuperar esse dinheiro. Por outro lado, seu perfil de volatilidade tem a ver com sua capacidade emocional para suportar as subidas e descidas do mercado no curto e médio prazo sem perder a cabeça nem abandonar sua estratégia.

É aqui que muita gente se engana. Se você escolher uma estratégia mais ativa, como uma de rotação setorial ou tática, mas não aguenta bem as correções ou tem um horizonte curto, pode acabar vendendo no pior momento só porque não está preparado para ver seu portfólio no vermelho.

Por outro lado, as carteiras passivas indexadas com ETFs são pensadas justamente para o contrário: são estratégias de longo prazo que eliminam a necessidade de ficar adivinhando o melhor momento para entrar ou sair. Elas fazem uso de aportes periódicos que promediam o custo de entrada e permitem que os juros compostos façam seu trabalho. Isso sim, é preciso ter claro que as quedas vão chegar mais cedo ou mais tarde, e se você não estiver mentalmente preparado, pode quebrar seu plano justamente quando mais convém mantê-lo.

Também é crucial saber quando mudar de enfoque. À medida que você se aproxima de uma meta —como a aposentadoria ou a compra de uma casa—, seu portfólio deve se ajustar para uma estratégia de conservação de capital, em vez de continuar perseguindo crescimento agressivo. Muitas pessoas caem na armadilha de querer recuperar o tempo perdido ou compensar a falta de poupança com expectativas de retornos exagerados. E isso só leva você a assumir riscos que não conseguirá gerenciar se o mercado virar.

Por isso, antes de investir um único real, pergunte-se honestamente:

  • Quanto risco posso assumir sem perder o sono?
  • Quanta volatilidade estou disposto a tolerar sem tomar decisões impulsivas?

Como regra geral:

  • Quanto mais jovem você for, mais capacidade você tem para tolerar volatilidade e assumir riscos.
  • Quanto maior for seu nível de poupança, mais flexibilidade você tem diante das flutuações do mercado.
  • Quanto mais longo for seu horizonte de investimento, mais tempo você terá para se recuperar de qualquer revés.

Se você decidir seguir uma estratégia passiva com ETFs, certifique-se de aplicar estes pilares:

Diversificação entre renda variável e fixa, aportes periódicos e rebalanceamentos regulares mais visão de muito longo prazo. Assim, você terá uma estratégia alinhada com seu perfil e seus objetivos reais.

Elementos chave para escolher um ETF a partir do Brasil

Uma vez que você tem clara sua estratégia, seu horizonte temporal e seu perfil de risco, agora sim é hora de entrar em detalhes sobre como escolher um ETF que realmente se alinhe com você. Aqui estão os fatores mais importantes a revisar antes de investir um único real.

  1. Comissão anual ou TER (Total Expense Ratio) O TER é o custo total que o ETF cobra a cada ano por administrá-lo, expresso como porcentagem. Inclui comissões de gestão, custódia, auditoria e operacionais internas. Por exemplo, um TER de 0,50% equivale a R$5 anuais para cada R$1.000 investidos. Quanto mais baixo, melhor, especialmente se você planeja fazer aportes periódicos e mantê-lo a longo prazo.
  2. Tracking Error: o "erro de rastreamento" mede o quanto o ETF se desvia do índice que busca replicar. Um tracking error baixo indica uma réplica mais precisa, o que é desejável em estratégias passivas. Você pode verificar este dado no prospecto ou na página oficial do fundo.  
  3. Exposição e o índice que replica Antes de investir, verifique qual índice o ETF segue e quais ativos o compõem. Está bem diversificado? Tem muita concentração em poucas ações? Qual é o peso de certos setores ou países? Isso é essencial para que o ETF complemente bem seu portfólio e você não duplique a exposição sem perceber. Além disso, se o índice for novo ou complexo, você pode enfrentar maior rotatividade ou dificuldade para segui-lo fielmente.
  4. Mercado e moeda em que é negociado Muitos ETFs são negociados em mercados estrangeiros como o NYSE ou o LSE, e embora você possa comprá-los do Brasil através do Sistema Internacional de Cotações (SIC), há custos importantes que você deve considerar:
    • Comissões por operação (que podem variar muito entre corretores como GBM+, Actinver ou Kuspit).
    • Comissão de custódia se aplicável.
    • Taxa de câmbio, já que alguns ETFs estão denominados em USD ou EUR.
    • Horário do mercado de origem, que pode afetar o spread ou a volatilidade se o mercado de origem estiver fechado enquanto você opera.
  5. Volume de operação Embora os ETFs tenham criadores de mercado que fornecem liquidez, é importante buscar fundos que tenham volume suficiente. Isso não apenas permite que suas ordens sejam executadas mais rapidamente, mas também reduz a possibilidade de que o preço se afaste do valor real do fundo.
  6. Spread (diferença): o spread é a diferença entre o preço de compra e o de venda. Um spread amplo pode consumir parte do seu rendimento sem que você perceba. Em geral, quanto mais baixo o spread, melhor. Um spread baixo também indica maior eficiência e liquidez no mercado onde o ETF é negociado.
  7. Alavancagem: alguns ETFs utilizam alavancagem para multiplicar o rendimento do índice que replicam, geralmente 2x ou 3x. Embora pareça tentador, as perdas também são multiplicadas. São produtos mais complexos e voláteis, recomendados apenas para estratégias muito específicas e bem controladas.
  8. Política de dividendos: existem ETFs que distribuem dividendos (de distribuição) e outros que os reinvestem automaticamente (de acumulação). Se sua estratégia depende de rendimentos recorrentes, busque os primeiros. Se você deseja crescimento de capital e adiar impostos, os segundos podem funcionar melhor.

Dado fiscal: se você comprar ETFs domiciliados nos EUA através do SIC, lembre-se de preencher o formulário W-8BEN para que a retenção do dividendo seja de 10% e não de 30%. Além disso, no Brasil, você pagará mais 10% sobre dividendos ao recebê-los.

  1. Método de réplica
    • Réplica física: o ETF compra diretamente as ações do índice. É mais transparente e fácil de entender.
    • Réplica sintética: é usado um contrato (swap) com uma instituição financeira que garante replicar o índice. Pode ter vantagens fiscais, mas introduz risco de contraparte, embora isso seja regulado sob a norma UCITS (nenhuma contraparte pode superar 10% do fundo).

Em resumo: busque ETFs com baixos custos, boa réplica do índice, volume suficiente e que estejam bem alinhados com sua estratégia, horizonte e perfil. Avalie também o mercado em que são negociados, sua política de dividendos e o método de réplica. Tudo isso, junto com uma boa diversificação e aportes periódicos, ajudará você a se manter no caminho sem cair em decisões emocionais.

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