ETFs
Cada vez mais ofertas de ETFs estão disponíveis no mercado e essa variedade às vezes dificulta nossas decisões na hora de escolher um ETF. Devido a isso, neste artigo vamos te ensinar como escolher um ETF e quais fatores você deve levar em consideração.
Primeiro, é preciso entender que um ETF (Exchange Traded Fund) é uma espécie de mistura entre uma ação e um fundo de investimento: por um lado, te dá acesso a uma cesta de ativos diversificados, e por outro, você pode comprá-lo ou vendê-lo a qualquer momento durante o pregão, como se fosse uma ação comum.
Em geral, quando falamos de ETFs, estamos nos referindo aos chamados ETPs (Exchange Traded Products), que agrupam diferentes tipos de instrumentos que são negociados em bolsa, como os ETFs tradicionais, ETNs e outros veículos similares.
É aqui que muitas pessoas falham: começam pelo produto, não pela estratégia. Qual é o problema? Que sem uma metodologia clara, acabam tomando decisões baseadas em palpites ou em conselhos isolados que não necessariamente se adaptam ao seu perfil.
Uma estratégia de investimento em ETFs sólida deve cumprir três critérios:
E atenção a isso: risco e volatilidade não são a mesma coisa. Muitas vezes são agrupados, mas na verdade têm implicações diferentes em como seu portfólio vai se comportar em cenários adversos ou incertos.
No final do dia, é sua estratégia que vai definir quais ETFs você deve comprar, quando entrar e quando sair. Sem ela, você está navegando sem bússola.
É fundamental entender que nem todos os ETFs funcionam da mesma forma para cada tipo de estratégia. Aqui explico as mais utilizadas por traders e investidores experientes, e o mais importante, que mostraram bons resultados em backtests reais.
Se o seu horizonte é de 10 anos ou mais, esta pode ser sua estratégia base. O que você precisa? Três coisas básicas:
👉 Como Criar uma Escada de Renda Fixa com ETFs
O ideal é montar o núcleo do seu portfólio com ETFs que sigam índices globais ou regionais: MSCI World, S&P 500, Nasdaq-100, títulos do governo, etc.
Essa abordagem tática, muito discutida em nossa comunidade, busca mover o capital entre setores, países ou regiões conforme o ambiente macro. Aqui são usados ETFs setoriais, regionais ou temáticos, como:
A chave está em não sobrediversificar e escolher ETFs que se complementem bem entre si.
Essas estratégias costumam funcionar bem em prazos curtos e médios, mas têm uma condição: é preciso automatizá-las. Por quê? Porque se você tomar decisões discricionárias, o viés emocional te vence.
Aqui entramos em terreno mais técnico. Algumas estratégias permitem backtesting confiável, combinando indicadores técnicos como médias móveis, força relativa ou até mesmo pesquisas de sentimento.
Outras se baseiam em fundamentos como:
Embora você possa usar qualquer tipo de ETF, os mais comuns aqui são:
👉 Diferenças entre ETFs, ETCs e ETNs
Cuidado ao misturar produtos de nicho em estratégias passivas
Por mais tentadores que pareçam, os ETFs temáticos ou ultraespecializados não são uma boa ideia para uma carteira passiva. Por quê?
Esse tipo de produto funciona melhor como apostas táticas, não como parte do núcleo do seu portfólio.
Assim como com qualquer outro instrumento financeiro, quando você vai investir em ETFs é fundamental ter claro qual é o seu horizonte temporal, ou seja, quanto tempo você está disposto ou pode deixar seu dinheiro trabalhando com a estratégia que escolheu. Não é a mesma coisa investir pensando em usar esse dinheiro em um ano, do que construir uma carteira para os próximos 15.
Algo que não se diz tanto, mas é muito verdadeiro: a Bolsa é um jogo de probabilidades, não de certezas. E embora pareça lógico, muitos esquecem disso. Você pode ter uma estratégia com uma probabilidade de sucesso de 80%, mas se você só a aplica uma ou duas vezes, pode ter o azar de cair justamente nos 20% restantes. Por isso é crucial poder repetir o “jogo” muitas vezes e, melhor ainda, perguntar-se desde o início quantas vezes você poderá jogá-lo. Isso vai te ajudar a escolher uma estratégia que realmente se adapte à sua situação.
Além disso, é preciso levar em conta fatores muito reais como os custos operacionais, os impostos e o tempo que cada tipo de estratégia exige. Por isso, para a maioria dos investidores brasileiros que buscam crescer seu dinheiro a longo prazo sem tantas complicações, uma carteira indexada passiva bem estruturada costuma ser a melhor opção. É fácil de implementar, tem baixa manutenção e pode ser automatizada. Ideal se o que você quer é deixar que o tempo e o juros compostos façam seu trabalho sem ter que ficar grudado nas notícias do mercado.
Além do horizonte de investimento, há duas variáveis que sempre devem estar alinhadas com a estratégia que você escolher: seu perfil de risco e sua tolerância à volatilidade.
O perfil de risco refere-se a quanto você está disposto a aceitar uma perda permanente do seu capital. Não é a mesma coisa ver uma queda temporária no seu portfólio do que saber que uma má decisão poderia deixá-lo sem recuperar esse dinheiro. Por outro lado, seu perfil de volatilidade tem a ver com sua capacidade emocional para suportar as subidas e descidas do mercado no curto e médio prazo sem perder a cabeça nem abandonar sua estratégia.
É aqui que muita gente se engana. Se você escolher uma estratégia mais ativa, como uma de rotação setorial ou tática, mas não aguenta bem as correções ou tem um horizonte curto, pode acabar vendendo no pior momento só porque não está preparado para ver seu portfólio no vermelho.
Por outro lado, as carteiras passivas indexadas com ETFs são pensadas justamente para o contrário: são estratégias de longo prazo que eliminam a necessidade de ficar adivinhando o melhor momento para entrar ou sair. Elas fazem uso de aportes periódicos que promediam o custo de entrada e permitem que os juros compostos façam seu trabalho. Isso sim, é preciso ter claro que as quedas vão chegar mais cedo ou mais tarde, e se você não estiver mentalmente preparado, pode quebrar seu plano justamente quando mais convém mantê-lo.
Também é crucial saber quando mudar de enfoque. À medida que você se aproxima de uma meta —como a aposentadoria ou a compra de uma casa—, seu portfólio deve se ajustar para uma estratégia de conservação de capital, em vez de continuar perseguindo crescimento agressivo. Muitas pessoas caem na armadilha de querer recuperar o tempo perdido ou compensar a falta de poupança com expectativas de retornos exagerados. E isso só leva você a assumir riscos que não conseguirá gerenciar se o mercado virar.
Por isso, antes de investir um único real, pergunte-se honestamente:
Como regra geral:
Se você decidir seguir uma estratégia passiva com ETFs, certifique-se de aplicar estes pilares:
Diversificação entre renda variável e fixa, aportes periódicos e rebalanceamentos regulares mais visão de muito longo prazo. Assim, você terá uma estratégia alinhada com seu perfil e seus objetivos reais.
Uma vez que você tem clara sua estratégia, seu horizonte temporal e seu perfil de risco, agora sim é hora de entrar em detalhes sobre como escolher um ETF que realmente se alinhe com você. Aqui estão os fatores mais importantes a revisar antes de investir um único real.
Dado fiscal: se você comprar ETFs domiciliados nos EUA através do SIC, lembre-se de preencher o formulário W-8BEN para que a retenção do dividendo seja de 10% e não de 30%. Além disso, no Brasil, você pagará mais 10% sobre dividendos ao recebê-los.
Em resumo: busque ETFs com baixos custos, boa réplica do índice, volume suficiente e que estejam bem alinhados com sua estratégia, horizonte e perfil. Avalie também o mercado em que são negociados, sua política de dividendos e o método de réplica. Tudo isso, junto com uma boa diversificação e aportes periódicos, ajudará você a se manter no caminho sem cair em decisões emocionais.
Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.