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Investir em dividendos: Guia básico para iniciantes

Investir em dividendos: Guia para iniciantes

Se você chegou até aqui é porque está interessado em conhecer o investimento por dividendos. Uma estratégia de investimento centenária que continua em plena forma. Neste guia para iniciantes você terá uma ideia mais clara do que é o investimento por dividendos.

Mas, o que são exatamente os dividendos? Quando comprar as ações para receber o dividendo? Posso receber o dividendo e depois vender? Quais direitos eu tenho como acionista? Aqui reunimos algumas das dúvidas mais frequentes, esperamos que sejam úteis para você!

O investimento por dividendos

A estratégia de investimento por dividendos consiste em investir em ações de empresas que distribuem dividendos periodicamente, sem comprometer o negócio, para gerar uma renda sem depender apenas da valorização das ações.

O que é um dividendo?

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada define dividendo como:

Dito de outra forma, o dividendo é uma parte do lucro da empresa que é distribuído aos investidores ou acionistas de uma empresa que cotiza em bolsa. É uma espécie de remuneração por ser “dono” da empresa.

Por que as empresas distribuem dividendos?

O objetivo de toda empresa é maximizar os lucros que gera, e pode fazer isso de diferentes maneiras:

  • Investir no próprio negócio
  • Reduzir sua dívida
  • Retribuir ao acionista

O fato de a empresa querer retribuir ao acionista por meio de dividendos se deve a três razões principais que se retroalimentam mutuamente:

  • Demonstrar força financeira: a empresa quer enviar a mensagem de que o negócio é bom o suficiente para que parte do lucro possa ser distribuída ao acionista sem prejudicar o funcionamento da mesma.
  • Marketing: unida à anterior, com o anúncio de uma distribuição de dividendos, a empresa quer enviar uma mensagem de força, pois se pode pagar o dividendo quer mostrar que o negócio é bom o suficiente e que gera lucro suficiente para realizar esta operação.
  • Atrair novos investidores: a empresa quer atrair outro tipo de perfil de investidor, o investidor por dividendos. Ao atrair novos investidores isso vai fazer com que a cotação da empresa suba e assim a companhia oferece uma nova mensagem de força.

Quem decide o valor e a data do pagamento do dividendo?

Tanto o valor quanto a data do dividendo precisam ser aprovados na Assembleia Geral de Acionistas, a proposta do Conselho de Administração. No Brasil, o pagamento do dividendo geralmente é feito uma vez por ano, enquanto nos EUA geralmente é a cada 3 meses e na Europa, o pagamento do dividendo geralmente é feito uma ou duas vezes por ano.

Quais tipos de dividendos existem?

A empresa tem duas maneiras de pagar o dividendo:

  • Em dinheiro: é a fórmula mais comum.
  • Em Scrip Dividend ou "Dividendo flexível": neste caso, o acionista escolhe entre receber o dividendo em dinheiro ou em ações. Essas ações podem vir do próprio portfólio da empresa ou de um aumento de capital.
  • Em ações: neste caso, a remuneração ao acionista não é monetária, mas em um maior número de participações na empresa.

Focado no pagamento em dinheiro, existem dois tipos de dividendos:

  • Dividendo ordinário: são aqueles que estão ligados à atividade da empresa e que por sua vez se dividem em dois:
    • A conta: quando o pagamento é feito antes de se conhecer o lucro final da empresa.
    • Complementar: conhecido já o lucro e o dividendo a pagar, a sociedade paga a diferença entre este valor e o pago como dividendo a conta.
  • Dividendo extraordinário: quando uma empresa decide pagar um dividendo excepcional (normalmente ligado a algum evento incomum, como a obtenção de ganhos após uma operação corporativa) e sem intenção de mantê-lo regularmente ao longo do tempo.

Quem tem direito a receber os dividendos?

Isso depende da empresa: existem empresas que distribuem dividendos apenas uma vez por ano, outras que o fazem a cada trimestre. A maioria das empresas brasileiras anuncia com antecedência o dia exato do pagamento dos dividendos, e para saber basta acessar a página da B3 (Brasil Bolsa Balcão).

Todos os acionistas que mantêm as ações na data predeterminada poderão receber o dividendo. Para isso, existem quatro datas-chave na cobrança do dividendo:

  • Data do anúncio do dividendo: é a data em que o conselho de administração da empresa declara o dividendo. A declaração deve incluir o valor e a forma do dividendo, bem como a data de registro e a data de pagamento do mesmo. Uma vez que a empresa tenha declarado oficialmente um dividendo, ela tem a obrigação legal de cumpri-lo.
  • Data de registro: ao anunciar um dividendo, a empresa estabelece uma data de registro. Esta data determina quem são os acionistas naquele momento, e portanto quem tem direito a receber o dividendo. Todos os acionistas que estiverem registrados como tal na data de registro receberão o dividendo.
  • Data ex-dividendo: uma vez que a empresa estabeleceu a data de registro, a data de corte é estabelecida de acordo com as regras do mercado (geralmente o dia anterior à data de registro). A partir desta data, não se tem mais o direito de receber o dividendo.
  • Data de pagamento: a data de pagamento é marcada pela empresa para realizar o pagamento do dividendo declarado. Apenas os acionistas que o sejam antes da data ex-dividendo têm direito a recebê-lo.

Quais direitos os dividendos têm?

Uma ação é uma parte do capital de uma empresa, o que confere ao acionista dois tipos de direitos:

  • Direitos políticos: votos nas assembleias.
  • Direitos econômicos: participação nos lucros da empresa, e é justamente a representação desses direitos econômicos que são conhecidos como dividendos.

Existe algum mínimo para receber dividendos?

Não há mínimo, economicamente falando; quando você possuir uma ação, terá direito ao recebimento dos dividendos que essa ação gerar. Outra coisa totalmente diferente são os direitos políticos, pois pode haver um mínimo de ações necessárias para participar de uma assembleia. Quando estas são provenientes de aumentos não é uma remuneração: se não participar, a porcentagem que se tinha da empresa antes do aumento diminui.

Parâmetros básicos no investimento por dividendos

Para investir em dividendos é necessário conhecer minimamente alguns conceitos financeiros para poder determinar se a empresa na qual se vai investir é uma boa opção. Assim, dois parâmetros fundamentais são o retorno sobre o dividendo e o Payout.

  • O retorno sobre o dividendo ou RPD: determina o retorno que o investidor recebe através do pagamento do dividendo. É calculado como a divisão entre o dividendo por ação que uma empresa distribui anualmente e o preço pago pela ação. É comparável ao TIR dos títulos.
  • O Payout: determina a quantidade de lucro que é destinada ao pagamento do dividendo. É expresso geralmente em percentagem e é o quociente entre o dividendo por ação e o lucro por ação.
Rentabilidade do último ano Fondo Top Dividende
JMP Global Equity Premium Income UCITS ETF USD (dist)

Como investir em dividendos?

E chegamos a um dos pontos mais importantes deste guia definitivo. Como posso começar a investir em dividendos de forma prática?

Bem, quando se fala sobre o investimento em dividendos sempre se associa à criação de uma carteira de ações individuais por parte do investidor.

Isso vem do fato de que a estratégia de investir em dividendos é centenária e é porque a única maneira de investir, independentemente da estratégia, era comprando ações individualmente. Mas hoje em dia a indústria financeira evoluiu e oferece outras alternativas. Vamos vê-las!

Ações

É o veículo de investimento por excelência dentro do investimento em dividendos. Neste caso, é o próprio investidor que compra ações de empresas que distribuem dividendos através de um único intermediário, a corretora.

Sua grande vantagem reside no fato de que o investidor é quem tem 100% de controle sobre a gestão da carteira. Ou seja, decide sobre:

  • Que tipo de empresas quer que componha sua carteira.
  • O número de empresas.
  • O peso que dá a cada uma dentro da carteira.
  • E quando deve comprar e vender as ações.

No entanto, para realizar toda essa gestão, o investidor precisa ter conhecimentos de contabilidade e tempo, para poder analisar as empresas e determinar a viabilidade do dividendo. Além disso, deve possuir uma forte psicologia para enfrentar as oscilações do mercado de ações.

E justamente por isso, e pensando naqueles que não podem ou não querem criar um portfólio de investimentos selecionando eles mesmos as empresas, a indústria financeira oferece outras alternativas.

Fundos de investimento

No imenso mundo dos fundos de investimento existem fundos adaptados ao perfil do investidor em dividendos, são os fundos de investimento em dividendos.

A forma de proceder desses fundos é a seguinte:

  • Um gestor profissional cria e gerencia um portfólio com empresas que distribuem dividendos de acordo com seus critérios de seleção.
  • O fundo acumula os dividendos recebidos e, de acordo com sua filosofia, distribui-os aos participantes do fundo. Muitos deles oferecem a possibilidade de reinvestir os dividendos automaticamente.

Exemplos de fundos de dividendos:

  • Baelo Dividendo Creciente FI – ISIN: ES0137768000
  • DWS Top Dividende – ISIN: DE0009848119
  • Fidelity Global Dividend Fund – ISIN: LU0731782826
  • JPMorgan Global Dividend Fund – ISIN: LU0329202252
  • Guinness Global Equity Income – ISIN: IE00B66B5L40

A desvantagem de usar fundos é que a rentabilidade é um pouco menor devido às comissões e pode ser difícil encontrar um fundo adequado ao perfil do investidor.

ETFs

Existe uma terceira opção: os ETFs, também conhecidos como ETFs que pagam dividendos. Um ETF permite ter uma carteira de empresas a um custo baixo com maior facilidade de negociação em comparação com fundos tradicionais.

  • Operam com a coleta e distribuição dos dividendos das ações que compõem o fundo.
  • A distribuição pode ser mensal, trimestral, semestral ou anual. Alguns ETFs também permitem reinvestir os dividendos.

Exemplos de ETFs de dividendos:

  • SPDR S&P Global Div Aristocrats UCITS ETF – SPYD – IE00B6YX5D40 – Distribuição: trimestral
  • JMP Global Equity Premium Income UCITS ETF USD (dist) – JGPI – IE0003UVYC20 – Distribuição: mensal
  • Vanguard FTSE All-World High Dividend Yield UCITS ETF – VGWD – IE00B8GKDB10 – Distribuição: trimestral
  • iShares MSCI World Quality Dividend ESG UCITS ETF – AYEG – IE00BKPSFC54 – Distribuição: Acumulação
  • WisdomTree Global Quality Dividend Growth UCITS ETF

CEFs

Mais desconhecidos, os Closed End Funds (CEFs) são uma excelente alternativa para obter dividendos com alta rentabilidade (8-10%). Mas têm maior volatilidade e, em geral, taxas mais altas.

Um CEF é um fundo fechado, com um número limitado de ações, negociadas no mercado secundário. A gestão é ativa, e o fundo pode conter ações, títulos, caixa ou até criptomoedas.

Distribuições podem vir de:

  • Receitas de juros e dividendos
  • Ganhos de capital realizados
  • Retorno do capital

CEFs reconhecidos:

  • Invesco Dynamic Credit Opportunity Fund
  • Guggenheim Strategic Opportunities Fund
  • Nuveen Real Estate Income Fund
  • Eaton Vance Global Dividend Income Fund

Melhores estratégias para investir em dividendos

Foco em empresas que aumentam seus dividendos ano após ano, gerando uma renda crescente e estável ao longo do tempo.

  • Estratégia de valor de dividendos: criada por Geraldine Weiss, busca empresas de alta qualidade com RPD historicamente alto e vende quando o RPD atinge valores baixos. Superou o S&P500 e até Warren Buffett com um CAGR de 11%.
  • Os cães de Dow: a estratégia Dogs of the Dow consiste em comprar as 10 ações do Dow Jones com maior rentabilidade por dividendo no início do ano e vendê-las no final. Já superou o índice em diversas ocasiões.
  • Dividend Aristocrats: os aristocratas do dividendo aumentaram os dividendos por pelo menos 25 anos seguidos. São consideradas ações defensivas e de alta qualidade.
  • Dividend Kings: os Reis do dividendo pagam dividendos sem interrupção há pelo menos 50 anos. São ainda mais robustos que os aristocratas. Apenas 26 empresas nos EUA atingiram esse marco.

Outras formas de investir em dividendos

Embora o guia esteja focado no investimento em dividendos selecionando diretamente as empresas, existem outras maneiras de investir em dividendos:

  • Fundos de investimento em dividendo: Esses fundos de investimento são compostos por ações de empresas que têm um histórico de pagamento de dividendos. Os investidores podem comprar participações nesses fundos e receber dividendos regularmente.
  • ETFs de dividendos: Os ETFs (Exchange-Traded Funds) de dividendos investem em uma carteira diversificada de ações que pagam dividendos. Esses fundos negociados em bolsa oferecem aos investidores uma maneira simples de investir em empresas que têm um histórico de pagamento de dividendos.
  • REITs (Real Estate Investment Trusts): Os REITs são fundos de investimento imobiliário que investem em propriedades comerciais e pagam dividendos aos investidores. Esses dividendos geralmente representam uma parte importante, 90% nos EUA, dos lucros gerados pelos REITs

Qual é a relação entre a cotação de uma ação e seus dividendos?

Praticamente todos os índices são ex-dividendos, o que significa que o dividendo é descontado do preço da ação no dia em que é distribuído, pois esse dinheiro já não pertence à empresa e, portanto, não deve fazer parte de sua capitalização. Vamos dar um exemplo: uma empresa distribui dividendos no dia 19, fecha no dia 18 a R$ 12,20 e distribui um dividendo de R$ 0,20 por ação; no dia seguinte, abrirá com uma redução de R$ 0,20 no preço das ações, se não houver mudanças, no dia 19 abrirá a R$ 12,00.

Por este motivo, não é muito eficaz a estratégia de alguns investidores de comprar as ações alguns dias antes e vender no dia da distribuição, pois essa estratégia não traz rentabilidade extra.

Como os dividendos são tributados? Tudo o que você precisa saber

Aunque os dividendos sejam isentos de tributação, o contribuinte precisa informar à Receita os proventos das empresas em que investe. Para declarar dividendos de ações no Imposto de Renda, deve acessar a ficha “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis” e selecionar o campo “09 – Lucros e dividendos recebidos”. Depois, é necessário clicar em “Novo” e informar se é o titular ou dependente, o CNPJ e a razão social da empresa que pagou os dividendos (fonte pagadora), assim como o valor recebido. Esse processo deve ser repetido para cada ação que o contribuinte tenha na carteira.

Prós e contras de aplicar uma estratégia de investir em dividendos

Como todo investimento tem seus prós e contras. Por isso, vamos detalhar na tabela a seguir as vantagens e desvantagens de investir em empresas com dividendos:

Prós

  • Fluxo de renda constante: Ao investir em empresas que pagam dividendos, você pode receber renda regularmente através dos pagamentos de dividendos.
  • Proteção contra a inflação: Os dividendos geralmente aumentam ao longo do tempo, o que pode ajudar a proteger o poder de compra contra a inflação.
  • Menor volatilidade: As empresas que pagam dividendos geralmente são mais estáveis e previsíveis, o que pode ajudar a reduzir a volatilidade do portfólio.
  • Força psicológica: Receber pagamentos de dividendos de forma recorrente faz com que o investimento em ações ofereça ao investidor uma maior tranquilidade, reduzindo a dependência emocional derivada da volatilidade do preço das ações.

Contras

  • Necessidade de aprendizado: Para investir diretamente em empresas, é necessário conhecer conceitos de contabilidade e finanças, para assim determinar se a empresa é adequada para a estratégia.
  • Dependência da empresa: Se a empresa reduzir ou eliminar seus dividendos, a renda dos investidores pode diminuir significativamente.
  • Tributação: Ao receber o dividendo, a Receita Federal o considera como um ganho de capital, portanto, é necessário pagar imposto sobre esse dividendo.
  • Menor potencial de crescimento: Empresas que pagam altos dividendos podem reinvestir menos em seu crescimento, o que pode resultar em menor valorização das ações a longo prazo.

FAQs dos dividendos

  • Baixas comissões de trading.
  • Ampla gama de produtos.
  • Juros de até 4,83% em contas em USD e 3,49% em euros.
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Investir em produtos financeiros implica um certo nível de risco.

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