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Ações vs criptomoedas: diferenças e vantagens

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Investidores brasileiros frequentemente se perguntam se devem apostar na bolsa de valores ou no mercado de criptomoedas. Ambas as opções ganharam popularidade nos últimos anos, o Brasil já conta com cerca de 5,3 milhões de investidores em renda variável na B3 e até 26 milhões de pessoas possuindo criptomoedas.

Diante desse cenário, este artigo tem como objetivo comparar ações e criptomoedas em 2025, destacando diferenças, desempenho histórico, perfil de investidor e fatores econômicos, para ajudar você a tomar uma decisão informada sem pressionar por uma escolha única.

Principais diferenças entre ações e criptomoedas

As ações e as criptomoedas são classes de ativos distintas, cada qual com características próprias. Enquanto ações representam uma participação em empresas (com potencial de lucros e pagamento de dividendos), as criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum são ativos digitais descentralizados, com oferta definida e funcionam como moeda/commodity digital.

VolatilidadeModerada, Ibovespa ~23% ao ano (2025)Muito alta, Bitcoin ~60% ao ano (2025)
Retorno recente (12 meses)2% (Ibovespa)42% (Bitcoin)
Retorno de 3 anos10% (Ibovespa)160% (Bitcoin)
Renda passivaDividendos atrativos. IDIV com yield médio ~7% histórico (até 13% em 2023)Não paga dividendos nem juros
LiquidezB3 em horário de pregão (dias úteis)Exchanges 24h/7, global
RegulaçãoAltamente regulado (CVM, B3, proteção FGC em alguns produtos)Marco Legal dos Criptoativos (2022), regulação em andamento pelo BC
Perfil de investidorConservador / moderado, foco em longo prazo e estabilidadeArrojado / agressivo, tolerância a perdas e visão de longo prazo
Fatores locais (Brasil)Impactadas por Selic, inflação, PIBPouco ligadas ao cenário doméstico, mais influenciadas por fatores globais
AcessibilidadeFácil via corretoras e home brokerFácil via exchanges ou ETFs como HASH11

Comparação do desempenho histórico de ações e criptomoedas

Historicamente, ações brasileiras e criptomoedas exibem perfis de risco-retorno muito distintos. Enquanto o Ibovespa entregou um crescimento composto de dois dígitos no longo prazo, Bitcoin e Ethereum tiveram CAGRs bem superiores, porém com volatilidade muito mais alta.

Ações brasileiras

  • Retorno histórico (10 anos): o ETF BOVA11, que replica o Ibovespa com reinvestimento de proventos, apresenta rentabilidade anualizada de ~11,7% em 10 anos (benchmark Ibovespa TR ~11,7%).
  • Dividendos: a cultura de proventos é relevante no Brasil. O IDIV (índice de dividendos da B3) teve dividend yield médio ~7,8% nos últimos 10 anos (média histórica apurada pela Economatica).
  • Valuation e ciclo de juros: o Ibovespa tem negociado a múltiplos P/L historicamente baixos (ex.: P/L trailing ~8,1x no início de 2025), refletindo prêmio de risco e juros elevados, fator que pode reprecificar ações quando a Selic entra em ciclo de queda.
  • Volatilidade: medidas recentes mostram volatilidade anual ~15%-16% no Ibovespa (12m), abaixo da observada em cripto, mas ainda típica de mercados emergentes.

Principais vetores de desempenho no Brasil: peso de commodities e finanças na carteira do índice, dinâmica de juros domésticos (Selic), ciclo de crédito e investimentos, e distribuição robusta de dividendos por empresas listadas (≈ R$ 1,3 trilhão em proventos entre 2020-2024 no universo do Ibovespa).

Gráfico de barras com indicadores do Ibovespa: retorno anualizado de 11,7%, dividend yield médio de 7,8%, P/L de 8,1 e volatilidade anual de 15,5%.
Indicadores-chave do mercado acionário brasileiro: o Ibovespa combina rentabilidade moderada com forte cultura de dividendos e múltiplos baixos em 2025.

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Criptomoedas

  • Bitcoin (BTC): no horizonte de 10 anos, estudos com base em dados de mercado indicam CAGR ~80%+, mas com desvios-padrão altíssimos; em séries longas, a volatilidade anual pode superar 150%.
  • Ethereum (ETH): desde 2017, o CAGR ~33% (em EUR, prox. de USD), também com volatilidade muito elevada (desvio-padrão ~98%).

Em suma: cripto tem potencial de retorno superior no longo prazo, porém com quedas profundas e frequentes (ex.: -73% em BTC em 2018; -64% em 2022). A classe exige tolerância a risco e horizonte de investimento apropriado.

Gráfico de barras com indicadores de Bitcoin e Ethereum: CAGR do Bitcoin de 80%, CAGR do Ethereum de 33%, volatilidade anual do Bitcoin de 150% e volatilidade anual do Ethereum de 98%.
Bitcoin e Ethereum oferecem retornos exponenciais no longo prazo, mas com níveis de volatilidade muito superiores aos observados em ações tradicionais.

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Acessibilidade e regulação: o que é mais fácil e seguro para o investidor brasileiro médio?

A acessibilidade e a regulação são aspectos fundamentais na hora de decidir entre ações e criptomoedas. No quadro a seguir, mostramos como esses pontos se aplicam ao contexto brasileiro:

AcessibilidadeNo Brasil, investir em ações é relativamente simples por meio de corretoras de valores ou plataformas digitais. Os investidores têm acesso a uma ampla variedade de papéis negociados na B3 (Bolsa de Valores do Brasil).O investimento em criptomoedas também é acessível, mas exige maior conhecimento técnico. Os investidores podem usar exchanges como Mercado Bitcoin, Binance ou outras plataformas reguladas no país.
RegulaçãoAs ações estão sob supervisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e contam com a segurança adicional do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) em alguns produtos relacionados, proporcionando maior proteção ao investidor.As criptomoedas ainda têm uma regulação mais limitada, mas o Brasil tem avançado com normas como a Lei de Criptoativos (Lei 14.478/2022), que estabelece diretrizes para exchanges e prestadores de serviços, embora a supervisão ainda esteja em fase de consolidação.

Em linhas gerais, as ações oferecem maior segurança e regulação, o que as torna uma alternativa mais atrativa para perfis conservadores. Já as criptomoedas podem interessar a investidores que buscam maior potencial de retorno e estão dispostos a assumir riscos adicionais.

Qual perfil de investidor combina com cada opção?

As criptomoedas e as ações são dois tipos de ativos financeiros que apresentam diferenças marcantes em relação à volatilidade. A seguir, resumimos em um quadro os principais pontos a considerar antes de investir:

Grau de volatilidadeSão marcadas por uma alta volatilidade. Os preços podem sofrer mudanças bruscas em curtos períodos, influenciados pela baixa regulação, especulação e impacto de notícias globais.Embora ações também possam ser voláteis, sua flutuação tende a ser menor do que a das criptomoedas. Empresas grandes e sólidas costumam ter preços mais estáveis, enquanto companhias menores podem ser mais voláteis.
Efeito das flutuaçõesA alta volatilidade pode gerar retornos muito elevados, mas também acarreta riscos significativos de perda.As variações de preço geralmente são menos drásticas, o que torna as ações mais adequadas para investidores que buscam estabilidade e previsibilidade de retornos no longo prazo.

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Perfil de investidores para ações

  • Investidores conservadores: Buscam estabilidade e retornos consistentes.
  • Investidores de longo prazo: Interessados em dividendos e crescimento sustentável.
  • Investidores institucionais: Fundos de pensão e fundos de investimento que priorizam segurança e liquidez.

Perfil de investidores para criptomoedas

  • Investidores arrojados: Dispostos a aceitar a volatilidade em busca de retornos elevados.
  • Investidores com conhecimento tecnológico: Que entendem bem o funcionamento das criptomoedas e das exchanges.
  • Investidores com horizonte flexível: Capazes de lidar com grandes oscilações e ajustar a estratégia conforme o mercado.

Brasil em 2025: fatores que influenciam a decisão entre ações e criptos

O cenário econômico brasileiro em 2025 influencia diretamente a forma como os investidores avaliam ações e criptomoedas. Juros elevados, inflação controlada e regulação em andamento são pontos centrais a observar.

PIB e crescimento econômico

As projeções indicam que o Brasil deve crescer em torno de 2% em 2025. É um avanço positivo, mas insuficiente para impulsionar fortemente setores cíclicos, como varejo e construção. Empresas exportadoras e mais eficientes tendem a se beneficiar mesmo nesse ritmo moderado.

Selic e taxa de juros

A Selic deve permanecer próxima de 15% ao ano em 2025. Isso torna a renda fixa extremamente atrativa e pressiona a bolsa, já que os investidores exigem retornos maiores das ações para competir com títulos públicos. Para criptomoedas, a Selic tem pouco efeito direto, já que são ativos globais.

Inflação e poder de compra

O IPCA projetado é de aproximadamente 4,7%, ligeiramente acima da meta. Embora a inflação esteja sob controle, o patamar ainda força juros altos, o que pesa sobre empresas listadas. Para cripto, esse fator reforça a narrativa de proteção contra perda do poder de compra, embora na prática a volatilidade do BTC supere o efeito inflacionário.

Regulação do mercado

O ambiente regulatório brasileiro evoluiu. Ações continuam sob forte supervisão da CVM e da B3. Já as criptomoedas ganharam um marco legal específico com a Lei 14.478/22, que colocou o setor sob fiscalização do Banco Central, aumentando a confiança dos investidores.

Cenário externo e câmbio

A economia brasileira também responde a fatores globais. Um dólar forte tende a beneficiar exportadoras, mas pressiona empresas importadoras. Para o investidor em cripto, isso significa que o preço do Bitcoin em reais tende a subir quando o dólar se valoriza.como tecnologia e digitalização estão mais alinhadas com a expansão do mercado cripto e da inovação financeira no país.

O que considerar ao tomar a decisão

A escolha entre ações e criptomoedas depende menos de “qual é melhor” e mais de como elas se encaixam nos seus objetivos e tolerância a risco.

Diversificação como estratégia equilibrada

  • Misturar classes de ativos reduz risco e melhora o retorno ajustado.
  • Exemplo: manter parte em ações (estabilidade, dividendos) e parte em cripto (crescimento).
  • ETFs podem ajudar a diversificar em ambos os casos (BOVA11, HASH11).

Definição de objetivos financeiros pessoais

  • Conhecimento: invista mais na classe que domina melhor.
  • Prazo curto (até 2 anos): ações estáveis ou renda fixa são mais adequadas; cripto é arriscado demais.
  • Prazo longo (10+ anos): ambas podem coexistir, com pesos ajustados ao perfil.
  • Tolerância ao risco: se não aceita quedas fortes, reduza cripto; se busca multiplicação, pode alocar mais.
Horizonte de investimentoMédio e longo prazoLongo prazo
Objetivos comunsAposentadoria, renda passiva, proteção patrimonialCrescimento acelerado, diversificação global
Tolerância a riscoBaixa a moderadaAlta
Exposição recomendadaNúcleo principal da carteiraParcela menor, satélite de diversificação
Facilidade para iniciantesAlta, corretoras e plataformas reguladasMédia, exige cuidado com exchanges e custódia

Criptomoedas e ações: qual caminho seguir?

A dúvida entre investir em ações ou em criptomoedas não tem resposta única. Ambas oferecem vantagens e riscos: as ações trazem estabilidade, dividendos e regulação sólida; já as criptomoedas carregam volatilidade extrema, mas também potencial de valorização exponencial.

Em 2025, com juros altos e crescimento moderado no Brasil, faz sentido que cada investidor ajuste sua estratégia conforme seus objetivos e tolerância ao risco. Para muitos, a melhor resposta pode não ser escolher um ou outro, mas combinar os dois em proporções equilibradas.

No fim, o essencial é ter clareza sobre seus objetivos, disciplina para seguir sua estratégia e disposição para aprender continuamente. O mercado financeiro é uma maratona, e tanto ações quanto criptomoedas podem ter espaço nessa jornada.

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